A realização do teste rápido para o HIV entre pessoas vivendo em situação de rua numa área programática do município do Rio de Janeiro

Abstract

O Brasil assumiu como compromisso global de enfrentamento ao HIV que até o ano 2020, 90% das pessoas vivendo com HIV conheçam sua sorologia, 90% das diagnosticadas com HIV iniciem a terapia antirretroviral e que 90% das que recebem terapia antirretroviral tenham supressão viral. As pessoas em situação de rua são peças chave no enfrentamento da epidemia devido às suas diversas vulnerabilidades. O objetivo geral desse estudo é identificar a realização de teste rápido para o HIV entre pessoas vivendo em situação de rua numa área programática do município do Rio de Janeiro, entre os anos de 2014 e 2016. Trata-se de um estudo descritivo, documental e quantitativo. A coleta dos dados se deu através do livro de controle de realização de testes rápidos, e foi realizada pela equipe de Consultório na Rua (eCR) do Jacarezinho, pertencente à Coordenação de Área Programática (CAP) 3.2, que abrange 23 bairros do Município do Rio de Janeiro. O período da análise foi de abril de 2014 à dezembro de 2016. A análise dos dados foi realizada através da frequência simples e percentual total. Dentre as 736 pessoas vivendo em situação de rua cadastradas no período em análise, foram realizados 498 testagens para o HIV, sendo 466 (93,57%) dos resultados não reagentes para o HIV e 32 (6,43%) reagentes para o HIV. A taxa de incidência do período foi de 4347 casos por 100.000 habitantes. A razão entre os sexos foi de 0,9 casos em homens para um caso em mulheres. O HIV é concentrado na população em situação de rua, necessitando de maciço investimento de políticas sociais e de saúde no enfrentamento à epidemia. As mulheres que vivem em situação de rua mostram-se ainda mais vulneráveis. Trata-se de uma população negligenciada, carente de acesso aos serviços, em especial os de saúde, e que sofre por preconceitos e julgamentos morais, sociais e institucionais, além das mais diversas formas de violência.