Vigilância comunitária em saúde visando o fortalecimento da mobilização social para o enfrentamento da dengue, Zika e Chikungunya no estado de Minas Gerais: análise de contextos socioeconômicos e sanitários de territórios com comitês populares cadastrados na proposta

Abstract

A dengue, zika e chikungunya são consideradas problemas de saúde pública em função dos índices de incidência, de morbi-mortalidade. Diante das consequências causadas pela zika e em função das lacunas apresentadas nos programas governamentais de controle do vetor, foi proposta a estratégia de “Vigilância comunitária em saúde de base territorial no estado de Minas Gerais visando o fortalecimento da mobilização social para o enfrentamento da dengue, zika e chikungunya e controle do Aedes aegypti”. Esta proposta de Vigilância comunitária prevê a formação de comitês populares nos territórios com o objetivo de fazer diagnóstico da situação local que possa contribuir para o aumento dos casos das três doenças e proliferação do vetor e, após o diagnóstico propor planos de ação para o enfrentamento. A proposta foi desenvolvida em conjunto com a Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, e os comitês implantados em escolas e envolveu as Superintendências Regionais de Ensino. O objetivo deste trabalho é analisar os contextos socioeconômicos, sanitários e situação epidemiológica da dengue zika e chikungunya dos territórios com comitês populares integrantes da proposta de vigilância comunitária. Trata-se de um estudo descritivo de caráter exploratório. As unidades de análises são a população dos municípios pertencentes às 12 Superintendências Regionais de Ensino (SRE) e a população dos municípios que possuíam comitês populares cadastrados. Este estudo utilizou dados secundários disponibilizados pelos sistemas de informação oficiais com dados da população dos municípios pertencentes às 12 SRE que apresentaram municípios com comitês populares cadastrados na proposta. As variáveis utilizadas neste trabalho foram selecionadas de forma a nos ajudar a entender o território com comitês cadastrados, considerando que o processo saúde doença deve levar em conta diferentes aspectos, tais como sociais, econômicos, ambientais, além de informações sobre a incidência das três doenças. Foram analisadas: incidência das três doenças (dengue, zika e chikungunya), população residente de cada município, índice de desenvolvimento humano municipal, índice de Gini, renda per capita, percentual de vulneráveis a pobreza, percentual de população em domicílios sem água canalizada e banheiro, percentual de população em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados, percentual da população em domicílios sem coleta de lixo. Verificou-se que as SREs que possuíam municípios com comitês populares cadastrados apresentaram população abaixo de 20.000 habitantes, com baixo risco para zika, chikungunya e com risco variável para dengue. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) apresentou-se com valor considerado médio. O índice de Gini não apontou uma concentração de renda, ficando 83,7% dos municípios com valores inferiores a 0,50. Cerca de 56,9% dos municípios das SRE apresentaram valores inferiores a 40% de indivíduos com renda inferior a meio salário mínimo. O percentual da população em domicílios sem água canalizada e banheiro mostrou que em 81,6% dos municípios das SRE predominou valores inferiores a 10%. Em 93,3% dos municípios observou-se valores inferiores a 10% da população em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados. O percentual da população sem coleta de lixo apresentou valor inferior a 10% em 88,3% dos municípios. O mesmo foi observado para os municípios com comitês populares. As variáveis consideradas neste estudo constituem-se em elementos importantes para o entendimento dos territórios com comitês populares cadastrados e podem contribuir para análises futuras da proposta.