Era dos humanos? a transposição didática no módulo do Antropoceno da exposição principal do Museu do Amanhã

Abstract

Museus e centros de ciências são espaços que guardam não só conhecimentos científicos, mas a memória e a história de um povo, onde tudo emerge em forma de cultura. E se as histórias presentes nas exposições remetessem a histórias que ainda podemos construir? O museu do Amanhã é um novo museu de ciências no Rio de Janeiro que traz em sua temática o Antropoceno onde, segundo sua teoria, estamos no período geológico dos humanos. Essa teoria foi desenvolvida a partir da ideia de que nós, seres humanos, manipulamos e dominamos a natureza, construindo um futuro a partir de nossas escolhas e atitudes do presente. Sabe-se que há muito por trás dessa ideia, por exemplo, o modelo socioeconômico aos quais nossas atitudes estão atreladas. Essa teoria é aceita por parte da comunidade científica, mas ainda não se tem um consenso. Para projetar uma exposição em um museu de ciências é preciso ter uma equipe múltipla que seja capaz de fazer escolhas a partir dos conceitos de divulgação científica. A curiosidade que alimentou esse estudo tem a ver com a busca da compreensão sobre a escolha da equipe do Museu do Amanhã em relação ao Antropoceno como mensagem central, mesmo sendo um conteúdo científico ainda não consensual na ciência. Essa é uma pesquisa qualitativa, onde foram gerados modelos científicos a partir da teoria do Antropoceno e um modelo didático representando a exposição do Museu do Amanhã. Com a análise ficaram evidentes as escolhas do Museu em relação à mensagem que querem transmitir ao público. Foi observado que o Museu trabalha com um tema controverso, contudo não possui ferramentas em sua exposição que possa garantir a controvérsia e todas as questões que a permeiam, fazendo um recorte na teoria que eliminam dúvidas, distorcendo em alguns vieses o conhecimento científico, o que não condiz com uma boa transposição didática.