RADIS: Comunicação e Saúde, número 230, novembro

Abstract

A discussão sobre a pobreza menstrual no Brasil tem ganhado destaque, evidenciando a falta de recursos para adquirir produtos de higiene menstrual e a ausência de acesso a serviços básicos de saneamento e educação sobre saúde menstrual. O veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que propunha a distribuição gratuita de absorventes a estudantes de baixa renda, presidiárias e mulheres em situação de rua ou vulnerabilidade extrema, revelou a negligência e a falta de empatia em relação a essa questão. O estigma e os tabus em torno da menstruação, juntamente com o sofrimento causado pelo Transtorno Pré-Menstrual (TPM), afetam muitas mulheres, meninas e homens trans, comprometendo seu acesso à educação e ao trabalho, bem como seu direito de não serem humilhados. Anna Cunha, entrevistada nesta edição, compartilha sua perspectiva sobre esse tema. O repórter Adriano de Lavor acompanhou um dia de trabalho do padre Julio Lancellotti, conhecido por sua atuação em defesa da população em situação de rua. Sua trajetória emociona, mostrando sua disposição em cuidar dos mais vulneráveis e sua dedicação em combater as opressões sem armas e ódio, mas sim com solidariedade e cuidado com o próximo. A pandemia de COVID-19 exacerbou uma crise social sem precedentes no Brasil, devido principalmente à falta de investimento em projetos conectados à realidade e à demora em responder às necessidades sanitárias urgentes. A investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destacou erros graves do governo federal, como atrasos na aquisição de vacinas, falta de transparência nos contratos e negligência na implementação de medidas de controle da pandemia. É crucial que haja uma rigorosa apuração dos responsáveis por esses erros e que sejam tomadas medidas para responsabilizá-los. Aqueles que lutaram contra a pandemia, as famílias das vítimas e os profissionais de saúde que estiveram na linha de frente merecem reconhecimento e gratidão por seu papel histórico.