Cadernos CRIS - Fiocruz: Informe sobre Saúde Global e Diplomacia da Saúde: número 07/2022: 12 a 25 de abril de 2022

Abstract

O cansaço do mundo com a Covid-19 e com as indefinições amplificadas pelo conflito na Europa é flagrante. Contudo, a flutuação de casos e o comportamento das variantes do SarsCov-2 não permitiram que a OMS decretasse o fim do processo pandêmico; ao contrário, alerta que diversas medidas devem ser mantidas. O doloroso é constatar – e reafirmar nestas páginas – que o esforço de vacinação global de 70% da população, que garantiria uma retomada geral mais segura, lamentavelmente fracassou: segundo o site Our World in Data da Oxford University, apenas 4 entre 81 países pobres conseguiram alcançar estas metas. Na África, menos de 17% da população recebeu uma simples dose de vacina. Boa parte da situação decorre do não-cumprimento dos compromissos dos países ricos do G7 e do G20, assumidos nas reuniões da Cornualha e de Roma, em 2021. Tampouco o Banco Mundial, o FMI e a OMC cumpriram compromissos com mobilização de recursos e perdões de dívidas externas (os dois primeiros) ou licenciamento de patentes e transferências de tecnologias e know-how. As farmacêuticas forraram os bolsos dos seus acionistas cada vez mais anônimos. Ou seja, business as usual no mundo cada vez menos globalizado e mais nacionalista e auto-defensivo. Enquanto isso, num verdadeiro deboche, crescem geometricamente os gastos militares, em todas as frentes. Entretanto, nossos analistas foram em frente, procurando trazer uma atualizada visão da conjuntura global em diversos campos concorrentes com o da saúde.