O papel do planejamento e da estratégia em uma organização profissional: o caso da Escola Nacional de Saúde Pública

Abstract

Este trabalho teve como objetivo analisar o processo de planejamento da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP, uma das maiores unidades técnico científicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e propor ações que possam aprimorá-lo e lhe atribuir um caráter mais estratégico. O planejamento é reconhecido pela literatura gerencial como função central na gestão das organizações. No caso da ENSP, uma típica burocracia profissional pela tipologia de Mintzberg das configurações organizacionais, é grande o desafio de tornar seu planejamento uma efetiva ferramenta de gestão capaz de impulsionar resultados institucionais, em razão da grande autonomia de que são dotados os profissionais especialistas e da baixa cultura de planejamento associadas a estas organizações. O trabalho procurou compreender, à luz da bibliografia sobre o tema, como se estrutura e de que forma ocorre o planejamento e são formadas as estratégias na ENSP, tendo as entrevistas semiestruturadas como base principal para essa compreensão dentro do núcleo operacional - componente-chave da organização -, além da pesquisa documental, que de forma complementar, ofereceu uma visão mais ampla do planejamento da instituição como um todo, através dos instrumentos de planejamento hoje existentes e do alinhamento com as estratégias da Fiocruz. Os resultados confirmaram uma fraca cultura de planejamento na unidade como um todo, e elementos estratégicos com baixa incorporação ao sistema de planejamento, além de uma coerência com as estratégias da Fiocruz abaixo do esperado, de acordo com os dados registrados pela própria ENSP no sistema de planejamento. Foram identificadas, no entanto, algumas potencialidades a serem exploradas para a melhoria do planejamento da unidade, que devem levar em consideração também os limites existentes, que derivam principalmente de fortes dimensões culturais, políticas e da própria natureza organizacional. E, a partir de então, foram feitas recomendações em prol de uma gestão mais estratégica, instrumentalizada pelo planejamento, como forma de buscar impulsionar os resultados institucionais para a sociedade, assim como a visibilidade e transparência destes resultados.