Análise preditiva de cães nas diferentes fases clínicas da leishmaniose visceral submetidos ao tratamento com miltefosina

Abstract

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma zoonose parasitária de alta letalidade quando não tratada. O cão é o principal reservatório, e por esta razão a eutanásia é a principal forma de controle da LVC. Diante disto, a miltefosina 2%, foi autorizada para o tratamento da LVC. Contudo, pouco se sabe sobre a ação da miltefosina em cães nas diferentes fases clínicas. Objetivou-se realizar uma análise preditiva nos cães nas diferentes fases clínicas. Foi realizado um estudo experimental não randomizado na Clínica Escola de Medicina Veterinária do CESMAC/Marechal Deodoro-AL. Os cães foram atendidos na referida clínica, independente da origem ou presença de sinais clínicos. Inicialmente foi realizado o exame físico-clinico e coleta sanguínea para diagnóstico de L. infantum pelos testes de DPP, ELISA e RIFI. A qPCR foi aplicada na identificação e quantificação usando o sistema LINF 1B com utilização de SYBR Green, que detecta fragmento do kDNA. Foram realizadas análises hematológicas, bioquímicas e RT- qPCR. Os 4 grupos com 5 animais cada foram divididos em: cães doentes (G1); cães infectados (G2), cães expostos (G3) e controle negativo (G4). Os animais foram avaliados no dia zero (início do tratamento), 20 e 30 dias do início do tratamento com miltefosina 2% na dose 1mL/10kg/dia por 28 dias. Os níveis de IgG aumentaram e a carga parasitária reduziu no G1 e G2. Houve melhora clínica em 20%, 40% e 80% do G1, G2 e G3, respectivamente. Houve restabelecimento hepático morfológico em 100% dos cães. A anemia normocítica, normocrômica, hiperproteinemia, hiperglubulinemia e redução de ALT esteve em todos os grupos tratados. Identificou-se aumento de basófilos no G1 e G2 e diminuição de monócitos. Níveis de IL-4, IL-10 e IFN-\03B3 não foram expressos. O tratamento apesar de propiciar melhora clínica, redução da carga parasitária e restabelecimento hepático, demonstrou através dos níveis de IgG e dos biomarcadores hematológicos uma tendência rápida ao restabelecimento da infecção (AU).