Adaptação neural e geniturinária da cepa selvagem do vírus zika em camundongos (mus musculus)

Abstract

O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus que representa um grave problema de saúde pública que atinge principalmente países onde circulam várias espécies de mosquitos vetores, como o Brasil. As estratégias de prevenção e controle da doença causada pelo ZIKV baseiam-se no controle do vetor, uma vez que vacinas e antivirais ainda não são disponíveis. Um dos maiores obstáculos para o desenvolvimento de vacinas é a falta de um modelo animal adequado à infecção capaz de reproduzir os sinais clínicos laboratoriais e respostas imunológicas semelhantes às observadas em humanos. Atualmente, camundongos portadores de deficiência genética na via do IFN têm sido amplamente utilizados em estudos com o ZIKV, uma vez que camundongos com sistema imunológico hígido não sucumbem a doença. No entanto, a principal limitação de tais modelos é que eles não permitem um estudo abrangente da imunidade ao ZIKV devido a uma linha de defesa fraca ou ausente, o que é crítico para a resposta antiviral. Neste trabalho realizamos a neuroadapatação da cepa parental do ZIKV través de passagens seriadas em cérebros de camundongos nocautes. As passagens cerebrais do vírus levaram ao aumento da expressão de sinais da doença nos animais. Manifestações neurológicas foram cada vez mais evidentes como incoordenação motora e estado de estupor. Em um ensaio de placas foi possível verificar a diferença fenotípica da formação de placas do vírus neuroadaptado quando comparado a cepa parental. A neuroadapatação de uma cepa parental do ZIKV tem grande potencial de causar doença em animais imunocompetentes permitindo a realização de testes vacinais eficientes, uma vez que os mesmos testes realizados em camundongos imunodeficientes podem subestimar a eficácia da vacina.