Sobrepeso e obesidade em imigrantes brasileiros em Massachusetts: panorama com base em dados hospitalares e revisão sistemática

Abstract

Os Estados Unidos é o principal destino dos imigrantes brasileiros e Massachusetts está entre os principais estados no país que mais os recebem. A busca por melhores condições de vida é o motivo mais importante da imigração brasileira. Situações como trabalho insalubre, hábitos e costumes diferentes podem prejudicar a saúde dos imigrantes e gerar doenças como obesidade, fator de risco para a síndrome metabólica. A síndrome é uma condição em crescimento em todo o mundo e tende a aumentar seguindo a epidemia de obesidade. O crescimento da síndrome e seus fatores de risco é descrito em latinos nos EUA, mas ainda não está claro para os imigrantes brasileiros, que frequentemente não são considerados ou avaliados separadamente nos estudos. Este estudo objetivou avaliar a tendência temporal do sobrepeso e obesidade em imigrantes brasileiros em Massachusetts, de 2009 a 2020. Foi composto por dois artigos: o primeiro foi uma revisão sistemática e meta-análise desenvolvida através da estratégia PICO, que objetivou identificar a prevalência da síndrome metabólica e seus fatores de risco em imigrantes latinos nos EUA e realizar meta-análise dessas prevalências. A revisão incluiu 60 estudos e a meta-análise 52. As prevalências conjuntas obtidas para a hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade geral e obesidade abdominal foram, respectivamente, 28% (IC95 23%-33%), 17% (IC95 14%-20%), 37% (IC95 33%-40%) e 54% (IC95 48%-59%). Poucos estudos incluindo imigrantes da América do Sul foram identificados. Apenas dois estudos incluíram brasileiros. Destaca-se a necessidade de condução de estudos com esses imigrantes tendo e vista as diferenças culturais, alimentares e linguísticas observadas entre os países da América Latina. O segundo artigo foi uma análise ecológica de séries temporais que objetivou analisar a tendência do sobrepeso e obesidade em população de imigrantes brasileiros em Massachusetts, a partir de dados secundários de base hospitalar (2009-2020). A amostra foi composta por 128.206 registros de brasileiros de 18 a 60 anos. Foram realizadas análises de tendência utilizando modelos de regressão polinomial. A escolha dos modelos ocorreu pelo melhor coeficiente de determinação, significância estatística do modelo e análise dos resíduos. A média de idade foi 38,9 (dp=10,6) e 61% foram mulheres. As prevalências de sobrepeso e obesidade foram 38,4% e 25,4%, respectivamente. Foi observada tendência crescente de obesidade e decrescente de sobrepeso e eutrofia. Pouco se sabe a respeito da saúde de imigrantes brasileiros e este estudo contribui na construção deste conhecimento. As tendências observadas vão de acordo ao crescimento mundial da obesidade e indicam a necessidade de realização de pesquisas futuras a nível individual, onde fatores como a aculturação poderão ser investigados.