Avaliação in vitro da atividade antiviral da geoprópolis da abelha jandaira melipona subnitida Ducke e da planta milona Cissampelos sympodialis Eichl. contra os vírus dengue e zika

Abstract

A abelha jandaira (Melipona subnitida Ducke) típica do sertão e endêmica das Caatingas Nordestinas utiliza diversos materiais para a construção e proteção dos seus ninhos contra inimigos, como resinas, cera e barro. A mistura desse material é chamada de geoprópolis. Um estudo químico realizado pelo grupo da Dra. Tania Sarmento (UFRPE), colaboradora do projeto, realizou o isolamento e identificação de extratos e substâncias derivados da geoprópolis. Adicionalmente, um estudo realizado pelo grupo do Dr. Eduardo Oliveira (UFVJM), colaborador do projeto, realizou o isolamento e identificação de extratos acaloides derivados da milona (Cissampelos sympodialis Eichl.) uma planta endêmica do Brasil, presente nas regiões nordeste e sudeste. A possível atividade antiviral da espécie de planta e da geoprópolis como fontes de substâncias contra vírus de interesse para a saúde pública, sobretudo os vírus de RNA, ainda não foi avaliada. Dentre esses destacamos o vírus dengue (DENV) sorotipo 2 e Zika (ZIKV). No caso do DENV, atualmente, a doença é de grande preocupação para a saúde pública global e apesar do importante impacto clínico, econômico e social, não existe tratamento específico descrito para a dengue. No caso do ZIKV, o patógeno é considerado fator necessário para o desenvolvimento de distúrbios neurológicos seVeros, entre eles a síndrome de Guillain-Barré, e é o agente causal da Síndrome Congênita do Zika (SCZ). Atualmente, não existe tratamento específico ou uma vacina contra o ZIKV. O estudo avalia a atividade antiviral de compostos isolados da geoprópolis e da milona contra o DENV e ZIKV. Inicialmente foram determinadas as concentrações máximas não tóxicas, para as células Vero, dos compostos extraídos da geoprópolis: o extrato etanólico, a fração acetato de etila, a fração hexânica e as substâncias isoladas Naringenina e 7-metoxi-narigenina; e dos compostos isolados da milona: o extrato bruto, a fração de alcaloides terciários totais e seus diferentes picos. Dentre os compostos testados apenas a fração hexânica apresentou alta toxicidade, a qual foi, portanto, descartada dos testes seguintes. Como conclusão foi possível determinar quais dentre os compostos testados não possuem capacidade de combate para o DENV e para o ZIKV e quais apresentam significativa resposta antiviral frente a cada um dos vírus em estudo.