Faces marcadas pela violência: repercussões sobre a vida e o trabalho de policiais militares do estado do Rio de Janeiro

Abstract

Esta tese analisou os impactos sobre a saúde, as relações sociais e o trabalho de policiais militares (PMs) operados no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) no estado do Rio de Janeiro (RJ) por ferimentos por arma de fogo. A pesquisa foi realizada a partir de uma revisão scoping e triangulação de métodos qualiquantitativos empregando dados secundários com informações provenientes de PMs da ativa que sofreram morbidades por arma de fogo em face e foram atendidos no HCPM no setor de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial (CTBMF). Os resultados são apresentados em três artigos: (1) O primeiro, “Revisão scoping sobre ferimentos por arma de fogo em face: estado da arte e lacunas”, sistematiza a produção bibliográfica publicada em bases de saúde nacionais e internacionais sobre a ocorrência de ferimentos por arma de fogo (FAF) em face, mapeia na literatura as evidências existentes, identifica as principais fontes, as temáticas estudadas e as lacunas existentes. (2) “As repercussões para o trabalho, saúde e relações familiares de policiais militares feridos por arma de fogo em face” realizou um estudo epidemiológico retrospectivo a partir de dados secundários referentes aos PMs que foram operados no HCPM do Estado do RJ em decorrência de FAF em face, no período de junho de 2003 a dezembro de 2020 (N = 87). Agregaram-se dados de abordagem qualitativa oriundos de respostas abertas e fechadas fruto de aplicação de um questionário (N = 37) posteriormente aos ferimentos, indagando sobre as repercussões do acidente violento para o exercício do trabalho, as relações familiares e a saúde do policial. (3) “Rostos marcados pela violência armada: o cotidiano de policiais militares do estado do Rio de Janeiro, Brasil” é fruto de um estudo qualitativo e quantitativo descritivo a partir das entrevistas realizadas com 37 PMs operados no HCPM em decorrência de FAF em face, no período de junho de 2003 a dezembro de 2020. Compreendeu-se a representação simbólica dos FAF em face, os sentimentos e sentidos atribuídos a estes ferimentos sofridos pelos PMs, e os impactos psicossociais no jeito de ser e de viver após o acidente violento. Verificaram-se mudanças no comportamento características do processo de estigmatização social.