Contaminação ambiental por agrotóxicos com uso autorizado na cultura da cana-de-açúcar no Brasil

Abstract

Introdução: A dispersão e permanência dos agrotóxicos no ambiente, bem como a fragilização das normativas que regulam tais compostos químicos no país tornou a intoxicação por agrotóxicos um grave problema de saúde pública e ambiental. Objetivo: Avaliar o potencial de contaminação das águas, dos solos e do ar dos agrotóxicos com uso autorizado na cultura da cana-de-açúcar no Brasil. Método: Estudo de screening, baseado na análise do potencial de contaminação das águas superficiais e subterrâneas, dos solos e do ar dos agrotóxicos com uso autorizado na cultura da cana-de-açúcar. Resultados: Em águas subterrâneas, 46,9% e 47,9% dos Ingredientes Ativos (IA) com dados disponíveis possuem alto ou intermediário potencial de contaminação segundo os critérios da Environmental Protection Agency (EPA) e o índice de Gus, respectivamente. Na análise do potencial de contaminação de águas superficiais, segundo o método de Goss, 84,2% dos IA possuem alto ou médio potencial de transporte dissolvido em água e 76,2% possuem alto ou médio potencial de transporte adsorvido ao sedimento, dentre aqueles com dados disponíveis. Quanto à poluição do ar, 5,8% dos IA foram classificados de alta ou moderada volatilidade segundo a pressão de vapor e 14% foram considerados moderadamente voláteis segundo a constante de Henry, dentre aqueles com dados disponíveis. Quanto à contaminação dos solos, 39% dos IA são classificados como muito persistentes ou persistentes no solo segundo o tempo de meia vida no solo e 20,6% são classificados como imóveis ou dificilmente móveis no solo segundo o potencial de adsorção. Conclusão: A sustentabilidade da vida, em sua abrangência, depende da qualidade das águas, do solo e do ar. Fazem-se necessárias mudanças nos modelos de produção, buscando modos sustentáveis de produção, reduzindo os danos às populações expostas e ao ambiente, como a agroecologia.