Tabagismo: um importante fator de risco para o câncer de vias respiratórias e a importância das ações para o seu controle

Abstract

Introdução: O vício em produtos à base de tabaco, também conhecido como tabagismo, pode ser caracterizado como uma doença crônica e maior causa de risco evitável de adoecimento e morte no mundo. Considerado como um sério problema de saúde pública, é fortemente associado ao desenvolvimento de vários tipos de cânceres e reconhecido como principal fator de exposição para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano. Conforme estudos realizados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil morrem cerca de 443 pessoas diariamente e de acordo com a Secretaria de estado de Saúde (SES-RJ) 22% das mortes por câncer de pulmão no estado do Rio de Janeiro foram em decorrência do consumo do cigarro. A partir da década de 1950, o tabagismo passou a ser apontado como um fator que aumentava as chances de uma pessoa desenvolver uma série de doenças e que o câncer de pulmão estava diretamente ligado ao uso do tabaco, mas somente uma década após essas comprovações que ocorreu uma melhor aceitação social. No Brasil, os primeiros estudos que evidenciaram o aumento de doenças associadas ao tabagismo aconteceram no final dos anos 70, e a partir desse debate sobre as doenças associadas ao tabaco surgiram movimentos de controle para o seu consumo. Desde então, políticas de saúde e eventos voltados ao tema favoreceram a formação de ações voltadas ao controle do tabaco em nível nacional. Objetivos: Realizar uma análise da distribuição temporal da mortalidade por câncer de vias respiratórias com menção à dependência do tabaco no estado do Rio de Janeiro, no período de 2010 a 2020. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo transversal de base de dados secundários, do período de 2010 a 2020, no estado do Rio de Janeiro. A população alvo foram homens e mulheres na faixa etária de 18 anos ou mais. Foram construídos gráficos e tabelas com a distribuição dos óbitos, segundo algumas características, como sexo, faixa etária, local, tipo de estabelecimento e ano de ocorrência, para melhor visualização e interpretação dos resultados. Resultados: Ao examinar a trajetória da doença ao longo do período estudado, verifica-se que a maior prevalência dos casos de óbitos foram homens, na faixa etária de 70 anos idade ou mais e residentes na Região Metropolitana I do estado do Rio de Janeiro. Do total de mortes por câncer de traqueia, brônquios e pulmão registrados no Sistema de Informação de Mortalidade - SIM, apenas 5,2% fizeram menção à dependência do tabaco nas Declarações de Óbito (DO). Conclusão: O hábito de fumar, antes visto como um estilo de vida, é atualmente reconhecido como uma síndrome de dependência química que expõe os indivíduos a inúmeras doenças graves, que poderiam ser evitadas com hábitos saudáveis. Apesar do avanço das políticas de prevenção e controle é necessário que se mantenham as estratégias implementadas e que estas alcancem todos os níveis sociais e diferentes faixas etárias.