A musealização de passados-presentes coloniais: in/ visibilidades negras em cidades atlânticas (Rio de Janeiro e Lisboa)

Abstract

A presente comunicação insere-se em uma abordagem crítica acerca dos patrimônios e memórias coloniais na contemporaneidade, cujas representações reforçam a urgência da desconstrução – e descolonização – de narrativas ainda hegemônicas em cidades atlânticas. A reprodução de passados coloniais reflete-se nas relações sociais e nas paisagens urbanas, as quais se destacam as graves questões raciais e sociais contemporâneas que mantem a continuidade de uma estrutura pautada na colonialidade. A naturalização e romantização desses tempos pretéritos a partir de projetos museológicos é o ponto de análise desse artigo a partir dos casos específicos de projetos museológicos do Museu da Escravidão e da Liberdade (MEL)”, no Rio de Janeiro, e proposta de abertura do “Museu das Descobertas”, em Lisboa. A partir da análise do caráter seletivo das narrativas desse passado colonial e a constituição das imagens dessas cidades, por meio de instituições museológicas, reforça uma forma interpretativa específica na representação e leitura social de corpos negros, como modo de reproduzir o racismo estrutural e institucional. As propostas dos dois museus são lidas, aqui, como integrantes de um projeto mais amplo que compreende a colonialidade como parte da modernidade.