Implicações bioéticas na escolha da terapia renal substitutiva: o olhar do profissional de saúde

Abstract

O paciente com falência da função do rim necessita ser encaminhado para realização de uma Terapia Renal Substitutiva (TRS). Esse encaminhamento deverá ser realizado por uma equipe de tratamento conservador em Nefrologia e, segundo as determinações específicas, o usuário deverá participar de todo o processo através de uma decisão compartilhada. Para tal, garantir a autonomia do usuário é imprescindível. Dessa ponderação, surge a questão norteadora deste trabalho: como se dá o compartilhamento das decisões entre profissionais e pacientes com Doença Renal Crônica (DRC) na escolha da TRS, considerando a competência técnica e ética no processo de tomada de decisão? Por corolário, o objetivo do estudo: descrever e analisar as questões éticas envolvidas no processo de escolha da TRS de pacientes renais crônicos em tratamento conservador, sob o olhar do profissional de saúde. Para trilhar o caminho, o percurso metodológico se deu em duas etapas: revisão de literatura e pesquisa de campo com a realização de estudo transversal descritivo, de abordagem qualitativa. Os cenários foram quatro serviços de formação profissional em Nefrologia, do Rio de Janeiro. Foram convidados a participar do estudo todos os 65 profissionais que realizam atendimento aos usuários nos ambulatórios de tratamento conservador da DRC das instituições entre março e setembro de 2022. A entrevista foi capaz de caracterizar a população, averiguar a compreensão do profissional sobre o processo de tomada de decisão na escolha da TRS relacionada à bioética e a seus conhecimentos e a sua formação na área de bioética, através da técnica de análise de conteúdo de Bardin Os resultados são apresentados em 10 produções que respondem aos objetivos propostos, sendo elas 5 artigos e 5 resumos: “Autonomia e tomada de decisão na Doença Renal Crônica”; “A formação bioética dos especialistas em nefrologia: uma reflexão necessária”; “Unidades especializadas em doença renal crônica do Rio de Janeiro – um retrato dos serviços formadores de nefrologistas”; “A formação do nefrologista: uma análise bioética”; e “Os conflitos éticos percebidos no processo de tomada de decisão da Terapia Renal Substitutiva”; “A inserção do enfermeiro na equipe de tratamento conservador da doença renal crônica”; “A formação bioética de profissionais de saúde: é necessário rever as estratégias empregadas no processo formativo”; “Há autonomia na escolha da terapia renal substitutiva? A visão dos profissionais”; “Tratamento conservador da doença renal crônica no Rio de Janeiro: um retrato da enfermagem”; e “Percepções dos enfermeiros sobre o processo de escolha da terapia renal substitutiva”. Concluímos que as questões éticas envolvidas no processo de escolha da TRS são muitas e esperamos que, após a descrição da percepção dos profissionais atuantes em serviços formadores de Nefrologia do Rio de Janeiro, possamos repensar as estratégias empregadas no ensino e buscar melhorias na assistência ofertada pela especialidade, especialmente no que diz respeito à valorização da autonomia dos indivíduos.