A Koju! - Resistimos!: Efeitos psicossociais da intolerância religiosa aos adeptos de religiões de matriz africana em Campos dos Goytacazes

Abstract

O racismo é violência sob a qual foi fundada a sociedade brasileira e se atualiza até os dias atuais, essa dissertação se debruça em estudar uma de suas ramificações: o racismo religioso e a intolerância religiosa em face das religiões de matriz africana. O objetivo desse trabalho é identificar e compreender os impactos psicossociais do racismo religioso e da intolerância religiosa nos sujeitos praticantes do Candomblé e da Umbanda em Campos dos Goytacazes. Compreendendo que o município em questão possui uma grande extensão territorial, e, portanto, tais impactos diferenciam-se, a pesquisa foi realizada em três territórios distintos do município: Área central, área rural e área periférica, aonde foram pesquisados os impactos na saúde física e mental, na vida laboral e de lazer desses sujeitos e a influência das particularidades de cada território. Essa dissertação trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, foi realizada uma revisão de literatura que buscou abarcar conceitos que embasassem e fomentassem a discussão proposta, e, posteriormente, uma pesquisa de campo, aonde foram utilizados como métodos a observação participante e a entrevista semiestruturada. Foram entrevistados oito sacerdotes das tradições estudadas e também o Secretário de Direitos Humanos e Igualdade Racial do Município, figura central nessa pesquisa Do campo emergiram questões que foram profundamente discutidas, são elas: a questão racial e a proteção contida no fato de ser Branco – ainda que religioso de matriz africana; a influência dos atores institucionais, em ênfase ás Igrejas Neopentecostais; e a questão territorial, suas diferenciações e conflitos, em especial, os que são impetrados pelos traficantes evangélicos. Para além de um labor acadêmico, essa dissertação se localiza como um trabalho incessante – diário e vivido no mundo – em busca do combate ao racismo e à intolerância religiosa. Essas violências se engendram a tantas outras, e, fazem suas vítimas cotidianamente, portanto, esse trabalho é um compromisso de luta, que permanece. Através da educação, da apreensão e difusão de conhecimento e do contínuo aprofundamento das pesquisas.