Avaliação da ação de um larvicida combinado a base de Lysinibacillus sphaericus e Bacillus thuringiensis israelensis para Culex quinquefasciatus e Aedes aegypti

Abstract

Larvicidas a base de Bacillus thuringiensis sorovar. israelensis (Bti) e Lysinibacillus sphaericus são ferramentas importantes para o controle de mosquitos, tais como Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus. O princípio ativo de produtos à base destas bactérias são cristais contendo protoxinas inseticidas. O cristal de L. sphaericus possui a protoxina Binária (Bin) e o cristal de Bti as protoxinas Cry4Aa, Cry4Ba, Cry11Aa e Cyt1Aa. Apesar de sua efetividade em campo estes larvicidas apresentam limitações. Para L. sphaericus é a seleção de resistência de Cx. quinquefasciatus à toxina Binária. Enquanto para Bti a sua persistência em campo pode ser limitada devido à vulnerabilidade dos cristais devido a fatores ambientais. Estudos recentes apontam que larvicidas combinados contendo cristais de ambas as bactérias podem apresentar vantagens. Logo, este estudo visou avaliar a ação de um larvicida combinado sob os seguintes aspectos: eficácia para larvas de linhagens de Cx. quinquefasciatus suscetível (S), Cx. quinquefasciatus resistente (REC) à toxina Bin e Aedes aegypti (Rocke) em laboratório; determinar a persistência de ação em teste de campo simulado (TCS); avaliar a capacidade do produto combinado de reduzir a frequência de Cx. quinquefasciatus com genótipo resistente à toxina Bin em uma linhagem mantida em laboratório. Nossos resultados mostram que o produto combinado apresentou atividade para larvas de todas as linhagens com discretas diferenças de concentrações letais (CL, mg/L) sendo decrescente para indivíduos S (CL50= 0,006, CL90= 0,030), REC (CL50= 0,009, CL90= 0,069) e Rocke (CL50= 0,042, CL90= 0,086). O produto teve um desempenho para o controle simultâneo das espécies de larvas em TCS com persistência de seis e oito semanas usando a maior e menor dose de rótulo. O emprego do produto combinado para tratar uma linhagem de Cx. quinquefasciatus compostas por indivíduos suscetíveis e resistentes mostrou que apenas dose letais para genótipos resistentes devem ser utilizadas para a sua eliminação; o uso de doses subletais tem um efeito indesejável pois eliminam apenas larvas suscetíveis e favorecem a seleção de larvas resistentes. Por fim, é visto que o produto combinado é um larvicida adequado que pode ter excelente desempenho para o controle simultâneo das espécies, inclusive em regiões com a presença indivíduos portadores dos alelos que conferem a resistência a toxina Bin.