A percepção das pessoas que vivem com HIV sobre práticas e discursos discriminatórios nos serviços de saúde

Abstract

A dissertação tem como objetivo identificar práticas e discursos de discriminação ocorridos nos serviços de saúde a partir da perspectiva das pessoas que vivem com HIV/AIDS (PVHA), em acompanhamento no Hospital Universitário Pedro Ernesto, inseridos no Grupo Com Vida. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa que se utilizou da Observação Participante e Grupo Focal para proceder a coleta dos dados. Para análise, utilizou-se da Análise Crítica do Discurso na perspectiva dos autores Fairclough (2001) e van Djik (2008). Os resultados obtidos indicam que os participantes concebem a discriminação através de atitudes de negação e rejeição do outro, percebendo também que a discriminação ocorre pela forma não verbal, feita através olhares e gestos. Além disso, apontam que os participantes percebem a mudança de percepção da discriminação ocorrida no início do diagnóstico para os dias atuais; identificam que a imagem negativa do HIV, comumente, ainda ligada à homossexualidade, ao castigo divino, à imoralidade, promiscuidade, sentença de morte e masculinidade. Outro aspecto importante indica que espaços de reflexão, informação e troca de experiência, como o grupo Com Vida, representa uma extensão importante do cuidado em saúde e principalmente como suporte para criar mecanismos de defesa frente à discriminação. Foram citados o ambiente familiar, trabalho e unidades intersetoriais como locais que vivenciaram a discriminação . Os participantes identificam que a prática da autodiscriminação, em um dado período, foi vivenciada após o diagnóstico e destacam o sofrimento decorrente da discriminação como potencial destruição. Por último, a resignação frente ao HIV. Concluímos identificando a relevância de mais formação de grupos informativos, reflexivos e terapêuticos no SUS como suporte de tratamento para as PVHA e a ampliação do debate nos serviços de saúde e em outros espaços sobre a discriminação, como forma de enfrentamento e construção do discurso de vida ligado ao HIV.