A construção do vínculo entre pais e bebês na UTI Neonatal: um olhar da equipe multiprofissional

Abstract

A internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal traz uma experiência singular para a formação de vínculo do bebê com seu entorno. Esta pesquisa tratou de investigar qual a percepção dos profissionais de uma equipe multiprofissional acerca da formação de vínculo entre pais e bebês dentro de uma unidade como essa. Sabe-se, a partir de estudos, que o vínculo é fundamental para o desenvolvimento físico e emocional do bebê, sendo uma vinculação que não é dada de partida e precisa ser construída. Nesse sentido, torna-se relevante pensar como ocorre a formação do vínculo quando há uma separação precoce entre pais e bebês devido a internação do recém-nascido. Este trabalho, portanto, teve como objetivo analisar quais as barreiras e os fatores facilitadores da formação de vínculo entre pais e bebês na perspectiva da equipe multiprofissional. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com profissionais que compõem a equipe multiprofissional da UTI Neonatal da Área de Atenção à Saúde do Recém-Nascido do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/FIOCRUZ) que possui atendimento prioritário aos recém-nascidos pré-termo, cirúrgicos, com síndromes e anomalias congênitas. O estudo evidenciou que a internação na UTI Neonatal traz repercussões para a vinculação do bebê com seu entorno e os resultados do trabalho de campo apontaram para a análise de três principais eixos temáticos: ambiência, nuances na formação do vínculo e o olhar dos profissionais do setor. Dentre as questões trazidas pelos entrevistados, foram relatadas as características físicas e subjetivas da UTI Neonatal, a importância da permanência dos cuidadores para a formação do vínculo, além da percepção consensual dos profissionais como atores fundamentais no fortalecimento do processo de vinculação. A partir de um diálogo com as teorizações de Donald W. Winnicott, conclui-se a importância da consideração do ambiente para o processo de vinculação, assim como as ações humanizadas em saúde na unidade. Por fim, observou-se a relevância da equipe multiprofissional para o fortalecimento desse vínculo entre cuidadores e bebês.