O enfrentamento da COVID-19 no Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul (BRICS): uma perspectiva comparada

Abstract

A tese teve como objetivo analisar os cenários epidemiológicos e as respostas implementadas pelos países do BRICS durante a pandemia de COVID-19 e suas principais implicações. O estudo foi alicerçado nos métodos do institucionalismo histórico, método histórico-comparado em ciências sociais e estudo ecológico com análise de séries temporais. Inicialmente foi apresentada uma contextualização dos países do BRICS, um histórico de sua cooperação em saúde e as características gerais de seus sistemas de saúde. Foi evidenciado que houve importantes diferenças no padrão de letalidade por COVID-19 nos países do BRICS, relacionadas ao contexto de cada país, como capacidade de testagem, sistema de registro de óbitos e cobertura vacinal. No contexto da saúde global e multilateralismo, constatou-se que o agrupamento não alcançou o desempenho esperado. Em relação às respostas dos sistemas de saúde dos países do BRICS à pandemia de COVID-19, com foco nas ações de distanciamento social e vacinação, destaca-se que os pontos fortes foram: resposta da China altamente coordenada e oportuna; protagonismo da China e Rússia no uso da biotecnologia para controlar medidas de distanciamento social; e protagonismo da China, Rússia e Índia na produção de vacinas contra a COVID-19. Os principais pontos fracos foram: gestão fragmentada das medidas de distanciamento social no Brasil, Rússia e Índia, fragilidade das medidas de auxílio econômico e social como estratégia para viabilizar o distanciamento social, sobretudo no Brasil, Índia e África do Sul e a hesitação vacinal vivenciada nos cinco países. No que se refere à análise das medidas de distanciamento social adotadas no Brasil durante a pandemia de Covid- 19, observou-se que o país demonstrou dificuldades na implementação destas medidas, associadas à falta de coordenação federativa e a crise do Estado brasileiro. Este trabalho evidenciou que os países do BRICS não alcançaram um desempenho relevante no contexto do multilateralismo e da diplomacia da saúde. As principais lições a serem aprendidas pelos países se referem à diplomacia e cooperação global em saúde; fortalecimento da capacidade de governança e coordenação nacional; estabelecimento de proteção laboral, social e econômica; estabelecimento de mecanismos de comunicação clara com a sociedade e fortalecimento do sistema de saúde.