Óbitos por COVID-19 em trabalhadores internados no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla sob a perspectiva da precarização do trabalho

Abstract

A pandemia de covid-19 atingiu os trabalhadores num momento em que estes já viviam perdas de direitos trabalhistas e previdenciários. O estudo baseia-se em prontuários de 1.044 pacientes de um hospital de referência para a covid-19 no Rio de Janeiro, tendo como objetivos (i) investigar as relações entre o tipo de vínculo empregatício e os óbitos e (ii) descrever as ocupações mais frequentes na amostra segundo o tipo de vínculo e o percentual de óbitos. As profissões mais representadas foram: comerciantes, pedreiros, porteiros, segurança/vigilante, motoristas e motoristas de aplicativo. Comparadas às trabalhadoras formais, o risco relativo de óbito foi maior entre as “do lar”, após ajuste pela idade e sexo. O risco relativo de óbito 11% e 29% maior entre os informais e os desempregados, respectivamente, não apresentou significância estatística. Os porteiros, auxiliares administrativos, vendedores, auxiliares de serviços gerais e domésticas apresentaram os maiores percentuais de óbito. A condição de gravidade dos pacientes internados possivelmente contribuiu para reduzir a relevância dos fatores socioeconômicos que pudessem favorecer os desfechos negativos entre os mais vulnerabilizados, no caso, os trabalhadores informais e os desempregados. Merece atenção o maior agravamento da covid-19 entre as donas de casa, que pode ter resultado de um quadro desfavorável em termos de comorbidades.