Tipologias de transmissão e trajetórias epidemiológicas: uma proposta metodológica de estratificação de áreas prioritárias para o controle da dengue na escala intraurbana

Abstract

Nesta tese, apresentamos um modelo de estratificação de áreas prioritárias para o controle da dengue na escala intraurbana utilizando indicadores epidemiológicos que abrangem diversos aspectos do comportamento temporal da doença em diferentes áreas da cidade. Esses indicadores foram utilizados para caracterizar tipologias de transmissão da dengue a partir de análise de agrupamentos. Também analisamos as mudanças dessas tipologias ao longo do tempo, caracterizando trajetórias epidemiológicas. Utilizamos como exemplo empírico o Distrito Federal (DF) brasileiro no período 2010 a 2021. Encontramos três tipologias de transmissão da dengue (episódica, epidêmica e persistente) e quatro trajetórias epidemiológicas (episódica, epidêmica, transição e persistente). Das quatro trajetórias predominantes encontradas, três apresentaram um padrão de estabilidade, com Regiões Administrativas (RAs) permanecendo, em grande parte, com as mesmas tipologias de transmissão ao longo dos três períodos de estudo. Apenas um grupo apresentou um processo de transição. As áreas com trajetórias de transmissão persistente e de transição, apesar de menores em número (apenas 32,2% das RAs), registraram 66,71% dos casos acumulados durante todo o período. O estudo propõe uma nova abordagem para entender a dinâmica de transmissão da dengue em espaços urbanos, oferecendo evidências sobre as trajetórias epidemiológicas. Os achados ressaltam a importância de estratégias de controle voltadas para contextos de recursos limitados e a necessidade de seleção de intervenções eficazes e apropriadas. A metodologia apresentada pode ser aplicada em outras áreas urbanas.