Mulheres quilombolas e o Rio São Francisco entre vida e morte

Abstract

O estudo refere-se aos impactos socioambientais e as consequências da degradação hídrica no Baixo São Francisco para a vida de mulheres quilombolas que vivem às margens do rio. Com o objetivo de analisar os processos de vulnerabilização que as atingem. Tem como referencial teórico a Epidemiologia Crítica Latino-Americana com os estudos da Determinação Social da Saúde, a Ecologia Política com os processos de Racismo Ambiental e Injustiças Ambientais, a Interseccionalidade e a constituição dos Quilombos no Brasil. A abordagem de pesquisa é de cunho qualitativo do tipo estudo de caso. Utilizamos a Entrevista em Profundidade como técnica de coleta dos dados primários. Como dados secundários, para compor a sequência histórica da situação hidrológica do rio, analisamos documentos e dados sobre a vazão do rio, como também avaliamos dados produzidos pelo CBHSF. Para análise foi realizada a Análise do Discurso e aplicada a Matriz de Processos Críticos. Nos resultados e discussão apresentamos a realidade da Bacia Hidrográfica do São Francisco e da região fisiográfica do Baixo. A primeira categoria trata das causas da degradação do rio, abordamos as interferências de hidrelétricas, de obras de transposições e da agricultura irrigada e outros grandes empreendimentos. O segundo tópico do corpus discursivo tem como tema a relação que as mulheres quilombolas estabeleceram com o rio, elas apresentam o rio como promotor de vida. A terceira categoria trata dos sentidos de destruição e morte do rio sendo apresentado os impactos na vida das mulheres. Depois apresentamos a Matriz de Processos Críticos de cada comunidade separadas por dimensão temática. Concluímos que os modos de vida das mulheres quilombolas sofrem alterações diretas a partir da degradação hídrica do rio. Um longo processo que vem se delineando desde a construção das grandes barragens e hidrelétricas. As mulheres têm sofrido processos de vulnerabilizações materiais, simbólicos e culturais, com efeitos em sua saúde física e mental. Perderam modos de produção coletiva e conhecimentos tradicionais com a extinção da rizicultura de vazante, um dos principais meio produtivos, e têm a pesca gravemente afetada .