Saúde da criança negra e cuidado antirracista na Atenção Primária à Saúde

Abstract

A determinação social do processo saúde-doença das crianças negras no Brasil é resultado de uma estrutura social racista. O racismo institucional é a expressão do racismo estrutural no funcionamento das instituições. Apesar de a integralidade e a equidade serem princípios do Sistema Único de Saúde e de a Atenção Primária à Saúde (APS) ser sua porta de entrada preferencial, as crianças negras permanecem entre os piores indicadores de saúde, incluindo aqueles evitáveis e sensíveis à APS. O objetivo deste trabalho foi analisar expressões antirracistas nos encontros de cuidado em saúde com crianças negras na APS a partir dos sentidos de mundo de uma mulher e médica negra. Fica evidente a ausência do reconhecimento do racismo nas políticas e referenciais de cuidado das crianças na APS. Além disso, observouse que o racismo institucional está presente no cuidado em saúde das crianças negras e que há múltiplas lacunas não preenchidas para que se alcance um cuidado integral e antirracista.