Padrão de distribuição espacial de aedes (Stegomyia) Aegypti (Linnaeus, 1762) em áreas vulneráveis de Salvador - BA: uma análise sociodemográfica e ambiental por meio de ovitrampas

Abstract

Introdução: No Brasil, áreas em vulnerabilidade socioeconômica tem sofrido com a falta de políticas públicas de controle vetorial. Nessas áreas, o rápido crescimento demográfico, a urbanização desordenada, a densidade habitacional e a deficitária infraestrutura urbana, são alguns potenciais determinantes para a reprodução e aumento populacional de espécies epidemiologicamente importantes como o Ae. aegypti L. Diante deste cenário, o monitoramento do mosquito e a identificação dos fatores ambientais associados à sua proliferação em áreas vulnerabilizadas é crucial para propiciar o manejo reducional da disseminação dos vetores. Objetivo (s): Compreender o padrão de distribuição da população de Ae. aegypti e os fatores socioeconômicos e ambientais associados mediante o uso de ovitrampas (OV) em comunidades vulneráveis de Salvador/BA. Material e Métodos: A amostragem foi realizada entre abril de 2022 e abril de 2023 em bairros de grande vulnerabilidade ambiental e estrutural de Salvador: Marechal Rondon, Nova Sussuarana e Pau da Lima. As OV foram construídas utilizando potes plásticos escuros de 700ml, contendo no seu interior 300ml de água e uma palheta de madeira Eucatex de 4 x 10cm. A seleção de pontos de amostragem foi realizada com base em uma grade hexagonal de 30 m de lado. Em cada polígono foram instaladas duas OV em um domicílio (no ambiente peri e intradomiciliar) com tempo de permanência de 5 a 7 dias. Uma vez retiradas, as paletas foram enviadas para realizar a observação e contagem de ovos em microscópio estereoscópico. Resultados e Conclusão: Instalaram-se satisfatoriamente 820 OV, com um índice de postivididade de ovitrampas (IPO) de 70.3% (IC 95%: 67,1-73,4%). As OV do peridomicílio apresentaram um maior IPO 84,5% (IC 95%: 80.6–87.7%), que as intradomiciliares 57,4% (IC 95%: 52,6-62,0%). O índice de densidade de ovos (IDO) total foi de 60,38 ovos/OV sendo 73,16 ovos/OV para o peridomicílio e 42,94 ovos/OV para o intra. O modelo linear generalizado misto evidenciou que a localização peri se associou com um maior IDO (IRR: 2,4, 95IC: 1,8-3,2), e domicílios com quintais revestidos ou sem quintal com um menor IDO (IRR: 0,6, 95IC: 0,4-0,8 e 0,5, 95IC: 0,4-0,7, respetivamente) em relação a quintais sem revestimento. A utilização de OV se mostrou eficaz para o monitoramento de vetores e identificar elementos a escala fina que podem favorecer sua proliferação, além de ser uma ferramenta que pode orientar ações de controle vetorial e prevenir surtos de doenças transmitidas por mosquitos.