Estudo do letramento em triagem auditiva neonatal

Abstract

Introdução: O letramento em saúde vai além de um processo individual, pois ele vem da convergência de educação, fatores culturais, sociais, e serviços de saúde. Depende também das habilidades e expectativas de informações sobre saúde e prestadores de serviços como os médicos, enfermeiros, administradores, os meios de comunicação e muitos outros. Por essas razões é necessário um sistema de saúde organizado, com as informações de saúde compreensíveis e acessíveis a todos os indivíduos com diferentes níveis de letramento em saúde para que possam se inserir. A Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU) tem sido efetiva na detecção precoce da surdez, pois o diagnóstico dos distúrbios auditivos e a intervenção antes dos seis meses de idade são determinantes para o bom desenvolvimento de fala e de linguagem. Objetivo: Avaliar o letramento em TAN de mães e profissionais da saúde. Metodologia: Estudo seccional, exploratório e prospectivo com mães de lactentes e profissionais de saúde envolvidos no cuidado materno-infantil, em nível hospitalar e ambulatorial de unidades de saúde públicas ou privadas do município do Rio de Janeiro. Para implementação do estudo, foi necessário revisar, adaptar os instrumentos de avaliação de letramento de TAN de mães e de profissionais de saúde de autoria de Siano (2006). Os dados foram tratados utilizando os procedimentos estatísticos analisados com o auxílio do programa Statistical Package for Social Science for Windows. A associação entre variáveis categóricas foi verificada pelo teste de Pearson ou pelo teste exato de Fisher. Foi realizada regressão logística multivariada para identificar as variáveis associadas ao nível de "letramento em TANU". P-valores < 0,05 indicam diferenças significativas. Resultados: O estudo do letramento das 55 mães participantes da pesquisa evidenciou que a maioria delas detém letramento entre adequado (47%) e inadequado (49%) e que apenas 4% se enquadram na classificação de letramento elevado. Com relação ao letramento dos profissionais, 57% dos 105 participantes, sem significativa distinção entre especialidades, relatou considerar que sua formação acadêmica não prepara adequadamente para atender às necessidades de esclarecimentos dos pais sobre a audição dos bebês. Dentre os entrevistados, 69% eram fonoaudiólogos, 15% médicos, 3% dentistas, 8% enfermeiros e 5% fisioterapeutas. A classificação de letramento elevado foi alcançada apenas por profissionais fonoaudiólogos e médicos. Já a classificação de letramento inadequado foi atribuída, em sua maior parte, a profissionais enfermeiros. E os dentistas e fisioterapeutas, em sua maioria, apresentaram letramento adequado. As questões em que ambos os grupos, tanto mães quanto profissionais, alcançaram os menores escores foram aquelas que exigiam conhecimentos relacionados às consequências da perda auditiva; aos fatores que possivelmente aumentariam as chances de um bebê ter uma perda; aos cuidados para se evitar esta perda e sobre o seu tratamento. Conclusão: O uso de um instrumento de letramento em TAN tornou possível a identificação de fatores associados ao baixo letramento nesse contexto, o que constitui importante subsídio para o desenvolvimento de estratégias voltadas para melhoria da comunicação e da informação em saúde em relação à TAN