Análise da inserção de sanitaristas egressos de cursos de graduação e pós-graduação de Pernambuco no mercado de trabalho

Abstract

A Saúde Coletiva surgiu no Brasil a partir de programas de pós-graduação stricto e lato sensu. A partir de debates e discussões ocorridas ao longo de décadas, desde 2008 começaram a serem implantados no Brasil os cursos de Graduação em Saúde Coletiva (CGSC). Objetivou-se analisar a inserção de sanitaristas egressos de cursos de graduação e pós-graduação de Pernambuco no mercado de trabalho. Foi realizado um inquérito sociológico do tipo Survey de abordagem quantitativa e qualitativa, subdividido em 3 etapas: análise dos currículos lattes, aplicação de um questionário semiestruturado e entrevistas. Também foi realizada uma Revisão Integrativa de literatura. A população do estudo foi composta por 200 egressos dos CGSC do estado de Pernambuco, sendo 111 egressos do CGSC da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 14 da Universidade Estadual de Pernambuco (UPE), 17 da Associação Caruaruense de Ensino Superior e Técnico (ASCES) e 58 egressos da Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva (RSC) do Instituto Aggeu Magalhães (IAM), FIOCRUZ/PE. Foram analisados 183 Currículos Lattes, verificou-se que 25% dos egressos dos CGSC possuíam ao menos uma pósgraduação concluída ou em andamento e 66% nenhuma. Entre os egressos da RSC 33% possuíam ao menos duas pós-graduações, destes, 50% cursaram/cursam mestrado e 18% cursam doutorado. Responderam ao questionário da segunda etapa 114 (57%) da população, a maioria do sexo feminino (78,1%), parda (46,5%). A idade média dos participantes foi 28 anos (média 28,8; DP=5,9). A maioria dos participantes foi de egressos da Universidade Federal de Pernambuco (67,5%), constatou-se que (63,2%) não estavam inseridos no mercado de trabalho. Ao avaliar os fatores associados à inserção no mercado de trabalho como sanitaristas, observou-se diferenças estatisticamente significantes quanto a instituição de origem (p<0,001), ao curso de graduação realizado (p<0,001), ao tempo de graduado (p<0,001), a ter especialização lato sensu (p=0,010) e ter mestrado acadêmico (p<0,001). Na terceira etapa da pesquisa foram entrevistados 24 egressos. Entre os egressos dos CGSC e da RSC do IAM constatou-se a necessidade de continuar o processo de qualificação profissional, bem como o desejo de conciliar a gestão de serviços de saúde com a carreira acadêmica. Os desafios comuns incluem a necessidade de regulamentação da profissão e melhores condições salariais e de vinculo empregatício. Os achados apontaram uma inserção no âmbito do SUS mais favorável aos sanitaristas egressos da RSC do IAM. Os CGSC são recentes, grande parte dos egressos continua o processo de qualificação através inserção em cursos de pós-graduações. O processo de regulamentação e divulgação da profissão para gestores e para a sociedade, a articulação das instituições de ensino com os serviços e o maior diálogo entre graduados e pós-graduados são caminhos apontados para superação dos desafios apresentados (AU).