Prevalência da infecção pelo Vírus da Hepatite E (HEV) em pacientes imunocomprometidos que realizaram transplante de fígado, rins e medula óssea

Abstract

INTRODUÇÃO: A hepatite E, causada pelo vírus da hepatite E (HEV), é uma preocupação crescente, especialmente, devido ao potencial de cronificação em pacientes imunocomprimidos. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de infecção pelo HEV em pacientes imunocomprometidos que realizaram transplante de órgãos sólidos e medula óssea. METODOLOGIA: Estudo de corte–transversal realizado no Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (Complexo HUPES-UFBA) e no Hospital Ana Nery (HAN). Participaram do estudo 275 pacientes imunocomprometidos, sendo 18 pacientes transplantados de fígado (TF), 153 transplantados de rim (TR), e 105 transplantados de medula óssea (TMO). Todos participantes assinaram o TCLE/TA e responderam a um questionário sociodemofráfico e epidemiológico. Dados secundários foram obtidos através da revisão de prontuários médicos. Uma amostra de sangue foi colhida para pesquisa sérica dos anticorpos anti-HEV IgG e anti-HEV IgM pelo método de ELISA (Wantai) e detecção do HEV-RNA pelo método de RT-qPCR (Realstar HEV RT-qPCR kit 2.0, Altona Diagnostics). RESULTADOS: A maioria dos participantes foi do sexo masculino com idade média de 45,2 ± 14,2 anos. Uma parte dos participantes residem no interior do Estado (41,5%) e deslocam-se para receber atendimento especializado na Capital. Além do transplante, os participantes revelaram ter recebido sangue (83.0%) e realizaram cirurgia dentária como principais risco percutâneos; raros foram os casos de uso de drogas injetáveis (0,4%) e inaladas (4,7%). A grande maioria tem acesso a água encanda (96,0%) e tratada (94,5%), porém alguns participantes também tem acesso a outras fontes de água (13,9%), sofreram com inchentes (27,7%) e já trabalharam com a criação de animais (45,6%) A soroprevalência de anti-HEV IgG/IgM Total foi de 5,5% (IC95% 3,08% – 8,84%), apenas dois casos apresentaram anti-HEV IgM reagente e nenhum teve HEV-RNA detectável. A soroprevalência foi associada apenas ao sexo masculino. CONCLUSÃO: A baixa soroprevalência do anti-HEV IgG/IgM Total e ausência de viremia revelam uma baixa exposição ao HEV em pacientes transplantados de órgões sólidos e medula óssea. O rastreio do HEV-RNA pode prevenir doença crônica de fígados em pacientes imunocomprometidos. Novos estudos com uma casuística maior serão necessários para identificar riscos de exposição.