Influência virológica, imunológica e genética no perfil clínico de portadores crônicos monoinfectados com vírus da hepatite B e coinfectados com vírus da hepatite Delta

Abstract

Introdução: As hepatites virais constituem um conjunto de patologias infecciosas consideradas um importante problema de saúde pública. Apesar da elevada endemicidade na população da região norte do país, estudos que abordam a compreensão dos mecanismos patológicos associados à progressão da doença hepática crônica, como os componentes clínicos e moleculares da infecção pelo vírus Delta (HDV), bem como os aspectos genéticos do hospedeiro, ainda são escassos. Assim, compreender a interação entre os aspectos virológicos, imunológicos e genéticos é fundamental para a elucidação da influência desses fatores na progressão clínica da doença hepática crônica causada pelo HDV na região da Amazônia Ocidental Brasileira. Metodologia: Este estudo foi prospectivo, observacional, comparativo, realizado no ambulatório especializado em hepatites virais do estado de Rondônia (AHV/RO), composto por uma amostragem de 100 indivíduos infectados pelo HBV, divididos em quatro subgrupos: 22 monoinfectados sem doença hepática crônica; 28 monoinfectados com fibrose hepática moderada/severa e cirrose; 21 coinfectados sem doença hepática crônica; 29 coinfectados com fibrose hepática moderada/severa e cirrose, além de 10 indivíduos para o grupo controle. O genoma dos vírus HBV e HDV foi amplificado por PCR convencional e sequenciado para a identificação dos genótipos e subgenótipos virais que foram determinados a partir de análises filogenéticas utilizando o GenBank (NCBI). Os SNPs rs8099917 (IFNL3) e rs1800795 (IL6) foram amplificados por PCR em tempo real para obtenção da discriminação alélica e genotípica dos alvos. Resultados: Entre os portadores imunoativos do HBV, houve predomínio do sexo masculino, com níveis elevados de ALT.Os portadores do HDV com carga viral detectável apresentaram trombocitopenia, níveis elevados de ALTe doença hepática crônica avançada. Os subgenótipos A2 e D1 do HBV foram identificados pela primeira vez na região Norte do país. Para o HDV, foram encontrados os genótipos 1 e 3, sendo o HDV-3 mais prevalente. Na análise imunológica, as citocinas IL17A e IL4 foram detectadas. Na análise genética, os genótipos CG e GG do SNP rs1800795 do gene da IL-6 foram associados à fibrose hepática apresentando desequílibrio na análise do Equilíbrio de Hardy-Weinberg para o grupo com doença hepática crônica. Conclusão: Carga viral detectável para o HDV e polimorfismos no gene da IL-6 foram associados à maior gravidade da hepatite crônica. Este estudo contribui para a identificação de fatores virológicos e genéticos associados a um pior prognóstico da doença hepática na coinfecção HBV e HDV.