Levantamento da fauna Culicidae em áreas endêmicas de febre amarela e malária, com vistas a prevenção e o controle no Município de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro

Abstract

Os culicídeos estão envolvidos na transmissão de agentes etiológicos de distintas doenças de transmissão vetorial. Em Angra dos Reis, por exemplo, município do Estado do Rio de Janeiro, foram confirmados casos autóctones de Malária, no ano de 2009, e Febre Amarela, no ano de 2018. As ações de vigilância dessas e de outras doenças de transmissão vetorial devem ter três pilares no território de ocorrência, todos abordados nesse trabalho, a saber: a investigação da presença dos vetores; a formação dos agentes de combate às endemias; e a educação em saúde, levando a população, exposta ao risco, o conhecimento básico sobre a dinâmica de transmissão e as formas de prevenção e controle. O principal objetivo deste estudo foi inventariar, através da captura de mosquitos, seguida de identificação taxonômica, a fauna de culicídeos de três localidades de Angra dos Reis, onde casos autóctones de febre amarela e/ou de malária foram confirmados. Executou-se seis campanhas de capturas de mosquitos, que resultou em 1421 espécimes capturados. As identificações taxonômicas catalogaram duas subfamílias, quatorze gêneros e trinta e oito espécies - sendo Aedes scapularis e Ae. albopictus as de maior ocorrência. Nas três localidades estudadas, detectou-se a presença dos gêneros Haemagogus, Sabethes e Anopheles, vetores da febre amarela e malária, agravos de interesse do presente estudo. As ovitrampas mostraram-se bem sensíveis à espécie Hg. leucocelaenus. Como parte da formação continuada, a identificação taxonômica foi realizada pelos próprios laboratoristas da Secretaria de Saúde, após curso de qualificação ofertado pelo Laboratório de Diptera – IOC/Fiocruz. Além disso, os agentes de combate às endemias participaram de treinamento online sobre os principais mosquitos de importância sanitária e as atividades avaliativas refletem aumento de conhecimento e empoderamento para a propagação de informações que contribuem para integralidade da saúde da população. Por fim, para sensibilizar a população, um vídeo sobre os culicídeos foi produzido e disponibilizado em plataformas digitais para os mais de 20 mil estudantes da rede municipal de educação. Como legado, percebe-se que a Secretaria de Saúde de Angra dos Reis deu continuidade ao trabalho, inventariando mosquitos de outros bairros da cidade, evidenciando que o presente estudo auxiliou no fortalecimento da Vigilância Entomológica local.