Mortalidade por HIV/aids no Brasil entre 2000 e 2018: análise a partir do perfil sociodemográfico, comorbidades associadas e condições de vida

Abstract

A disponibilização universal e gratuita da Terapia Antirretroviral (TARV) em 1996 no Brasil contribuiu para o aumento da sobrevida e qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/aids (PVHIV), o que pode ser verificado com a redução da mortalidade pela doença, assim como pela mudança do perfil, visto que houve aumento dos óbitos por doenças não definidoras de HIV/aids. Neste estudo a tendência da mortalidade por HIV/aids, assim como a tendência por doenças definidoras e não definidoras e a relação com as condições de vida. Verificou-se tendência crescente da mortalidade por HIV/aids na maioria dos estados das regiões Norte e Nordeste, enquanto que a tendência no país foi de decréscimo. A análise das tendências de acordo com sexo, faixa etária, estado civil e raça/cor, evidenciou que os homens apresentaram as taxas mais elevadas e tendência a crescimento nos estados das regiões Norte e Nordeste, principalmente. As idades mais avançadas apresentaram as taxas mais expressivas e tendência a crescimento. Entre os não casados, obsevou-se tendência a crescimento. A análise por raça/cor apontou que os negros apresentaram as taxas mais elevadas e tendência a crescimento na maioria dos estados. Os achados deste estudo também indicaram que as taxas de mortalidade por doenças definidoras de HIV/aids tiveram redução no decorrer dos anos, mas ainda se verifica tendência crescente em alguns estados Por outro lado, as taxas por doenças não definidoras têm apresentado aumento discreto e tendência a crescimento ou a estacionariedade no período. Os óbitos por doenças não definidoras tiveram contribuição das doenças circulatórias, neoplasias, digestivas, respiratórias, endócrinas e genitourinárias, principalmente. Neste estudo também foi avaliada a relação entre as condições de vida e a mortalidade por HIV/aids, constatando-se que a distribuição desigual de renda contribui para o aumento da mortalidade pela doença e que os locais com maior cobertura da atenção básica e longevidade tiveram redução dos óbitos pela doença. Os locais com maior taxa de analfabetismo e IDHM mostraram menores taxas de mortalidade por HIV/aids. Os achados deste estudo coletivamente demonstraram que há necessidade de maior intervenção nos estados das regiões Norte e Nordeste, pois esses apresentam taxas mais elevadas pela doença, assim como tendência ao crescimento. Além disso, também é necessária maior atenção aos homens, faixas etárias avançadas, não casados e negros.