Fundoscopia na atenção básica para rastreio de complicações da hipertensão arterial sistêmica e do diabetes mellitus: um relato de experiência

Abstract

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um problema de saúde pública mundial, têm impacto na saúde do indivíduo, e traz repercussões socioeconômicas para famílias, diante do risco iminente de sequelas, incapacidades e morte, e consequentemente, para a sustentabilidade do sistema de saúde. O Diabetes Mellitus (DM) pode ocasionar danos a diversos órgãos, sendo a Retinopatia Diabética (RD) uma das complicações mais frequentes. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é capaz de gerar repercussões multissistêmicas afetando órgãos-alvo, especialmente os olhos, resultando na Retinopatia Hipertensiva (RH). O objetivo do trabalho foi relatar a implantação da fundoscopia no rastreio de complicações da HAS e do DM na Atenção Primária à Saúde. Trata-se de um relato de experiência da vivência de um médico residente dos Programas Integrados de Residências em Medicina de Família e Comunidade. Foi realizada capacitação com profissionais da unidade para sensibilizá-los acerca da realização da fundoscopia e o estabelecimento de fluxo interno para que os usuários identificados fossem agendados para realização do exame. O estudo foi realizado entre novembro de 2020 e outubro de 2021. No período estudado, foram identificados cerca de 223 usuários elegíveis para rastreio, dos quais 123 (55,1%) realizaram a fundoscopia. Dos usuários incluídos na avaliação, 79 (64,2%) eram hipertensos, 44 (35,8%) eram diabéticos e 22 (18%) com ambas comorbidades. Foram identificados 3 (2,43%) usuários que apresentaram alterações na Fundoscopia. Conclui-se que a realização da fundoscopia na APS como forma de rastreamento de complicações decorrentes do DM e da HAS é uma ferramenta útil e factível