O modelo assistencial em saúde mental aos povos indígenas no Brasil: uma revisão integrativa

Abstract

Da colonização ao Estado Nacional Brasileiro os povos indígenas originários do território hoje definido como Brasil são vítimas de um sistemático processo de violência. Os dados epidemiológicos sobre morbimortalidade em saúde mental entre os mesmos revelam uma realidade alarmante. No campo das políticas públicas em saúde, desafios são observados no desenvolvimento de ações culturalmente sensíveis e alinhadas à Atenção Psicossocial, enquanto modelo assistencial. Por meio de uma revisão integrativa, buscamos compreender como as políticas e ações de saúde mental têm sido organizadas e implementadas nas comunidades indígena, e identificar possíveis lacunas e desafios. Organizamos os resultados em categorias temáticas acerca do processo saúde-doença, atenção à saúde, organização de recursos e práticas assistenciais. Observamos que ainda há disputas entre o paradigma biomédico e as medicinas e práticas tradicionais de cura, e entre as novas concepções de atenção à saúde mental. Tais conflitos têm produzido impactos para a realização de uma assistência à saúde mental que promovam fortalecimento, autonomia e libertação, e não silenciamento e invisibilização. Apresenta-se para o campo da saúde mental e da saúde coletiva a necessidade de, junto aos povos indígenas, nos debruçarmos para o desenvolvimento de modelos assistenciais em saúde mental antirracistas e anticoloniais.