RADIS: Comunicação e Saúde, número 160, janeiro

Abstract

A 15ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em Brasília, foi marcada por manifestações massivas em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), destacando-se pela ocupação das ruas e do palco do centro de convenções por movimentos populares. O entusiasmo dos participantes contra o impeachment de Dilma Rousseff foi evidente, refletindo um ambiente político tenso. No primeiro dia, 10 mil pessoas se manifestaram, expressando o desejo por um SUS construído de forma colaborativa entre o povo e o governo. Cartazes, faixas e discursos criticaram o financiamento insuficiente do SUS, a privatização da saúde e as ameaças aos direitos sociais. A diversidade de propostas e pontos de vista foi evidente, refletindo os intensos debates iniciados nos municípios e estados. O subfinanciamento da saúde emergiu como um tema unificador, apontando para a inviabilidade do fortalecimento do SUS público e de qualidade para todos. Apesar da segmentação por temas facilitar as votações, também fragmentou as discussões e reduziu a intensidade dos debates. A política nacional ganhou destaque a partir do terceiro dia, com a notícia do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Manifestações e ocupações marcaram o evento, com a presidenta do Conselho Nacional de Saúde declarando esta como a conferência mais popular desde 1986. A presença de Dilma gerou reações mistas, com ovacionamento pela maioria e vaias por um grupo pequeno, além de críticas à organização do evento. O predomínio do tema do impeachment evocou a memória da 9ª Conferência, em 1992, marcada pelo movimento "Fora Collor", que resultou no afastamento do então Presidente da República. A história das conferências reiterou dois princípios: democracia é essencial à saúde e saúde é democracia.