Impactos na saúde dos trabalhadores das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau do Rio Madeira, Rondônia sob a ótica da Vigilância em Saúde do Trabalhador

Abstract

O moderno mundo do trabalho, por demanda do capital, em que os prazos e as pressões são evidenciados, alteram a dinâmica física e mental do ser humano o que traz o aumento dos riscos à saúde do trabalhador. O presente estudo buscou conhecer os impactos na saúde dos trabalhadores das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau do Rio Madeira - Rondônia sob a ótica dos trabalhadores. A relevância da pesquisa pautou-se na percepção da pouca visibilidade do tema saúde do trabalhador nos grandes empreendimentos, em especial as hidrelétricas. Elegeu-se metodologia com abordagem qualitativa na utilização da figura do “ego focal” para possibilitar o acesso a esses trabalhadores. O objetivo foi conhecer as condições de trabalho e os possíveis riscos à saúde dos trabalhadores do consórcio construtor, descrever as vivências de trabalhadores das Usinas Santo Antônio e Jirau, propor medidas mitigadoras na vigilância dos impactos e riscos em saúde, e mecanismos de intervenção intersetorial para a melhoria das condições de saúde no trabalho, visando subsidiar ações de Vigilância à Saúde do Trabalhador. A pesquisa empírica foi realizada fora do ambiente dos canteiros de obra, na qual participaram 23 trabalhadores de diversas funções, foi utilizado o critério saturação na escuta dos sujeitos. A principal fonte de dados foi a fala dos trabalhadores, que responderam a uma entrevista individual semiestruturada. O sigilo da abordagem aos sujeitos foi mantida, respaldando o seu vínculo empregatício. As usinas, por não oferecerem dados se tornam omissas, ficam submersas na exploração do trabalho pelo capital deixando seus colaboradores, com o passivo social. Devese questionar a ausência de ações do Estado voltadas para uma política pública de acompanhamento desses trabalhadores em todas as fases da obra, desde o início com a mobilidade, até o desligamento dos mesmos. Há a necessidade da efetivação de uma política voltada para essa população, envolvendo todos os atores afins e que o Estado cumpra o seu papel proporcionando a legitimação das ações.