Avaliação da qualidade do acesso de gestantes ao diagnóstico laboratorial do HIV, no pré-natal, em uma unidade de saúde do município de Bauru, SP

Abstract

O objetivo do estudo foi avaliar o acesso de gestantes ao diagnóstico do HIV no prénatal de uma unidade pública de saúde de Bauru, focalizando aspectos relacionados às dimensões de oportunidade e qualidade da atenção prestada. Realizou-se um estudo de caso, cujas informações foram obtidas através de pesquisa documental, observação sistemática no pré-natal da unidade de saúde e do laboratório; entrevistas com gestantes e profissionais de saúde. Visando apresentar as relações entre intervenção e efeito, estruturou-se um modelo lógico da intervenção (MLI) focando a estrutura e o processo. Orientado pelo MLI, arquitetou-se um modelo teórico da avaliação (MTA), visando responder às perguntas avaliativas, definir fonte de dados, critérios e padrões, indicando níveis de implantação e o grau de desempenho e a construção da matriz analítica e de julgamento. De forma a avaliar a qualidade das ações e os níveis de implantação das mesmas quanto ao acesso, tendo como dimensões: a oportunidade e qualidade (técnico-científica); e como pilares: a eficácia; aceitabilidade e a legitimidade. Os resultados mostraram que o teste anti-HIV foi realizado por 81% das 53 entrevistadas, que informaram não ter recebido o aconselhamento pré e pós-teste; 77,35% dos resultados dos testes foram disponibilizados antes do parto. A unidade de saúde apresentava estrutura inadequada, para a oferta do teste com aconselhamento pré e pós; os profissionais existentes não estavam sensibilizados e qualificados para realizar aconselhamento e testagem. Observou-se ainda que o teste estava disponível e que o laboratório entregava os resultados em tempo hábil para tomada de decisão. Com a aplicação de padrões, os componentes estrutura e processo foram considerados insuficientes para propiciar o acesso da gestante ao diagnóstico. Quanto ao nível de implantação das atividades realizadas no processo de assistência às gestantes no pré-natal, apresentam-se parcialmente implantadas. Concluiu-se que as ações para prevenção da transmissão vertical e controle do HIV são significativas, especialmente quanto à oportunidade de acesso ao diagnóstico precoce. O estudo constatou que as ações de prevenção da transmissão vertical do HIV em Bauru se configuram como as principais estratégias para prevenção e controle do HIV no recém-nascido, no entanto há que se aprimorar a identificação e acompanhamento adequado das gestantes positivas e crianças expostas ao HIV e a criação de instrumentos de monitoramento e avaliação na busca da qualificação do pré-natal na atenção básica de saúde.