Biodiversidade e sua conservação: abordagem nos cursos de licenciatura e representações sociais de licenciandos em Rio Branco - Acre

Abstract

A problemática da conservação da biodiversidade é tema internacional de estudos e de políticas públicas. A Amazônia possui a maior biodiversidade do planeta, e depende da dinâmica hidrológica e da manutenção da cobertura vegetal, além de ter importância direta em termos de disponibilidade hídrica. O Acre compõe a região e o bioma amazônicos e está intimamente ligado à questão ambiental e à conservação da biodiversidade. A perda da biodiversidade em diversos territórios, decorrentes do desflorestamento e fragmentação dos habitats originais, geralmente ligados às queimadas, monoculturas extensivas, introdução de pecuária, ou ainda, a realização de megaempreendimentos com elevado impacto ambiental, tem sido verificada e tem apresentado consequências nefastas para a saúde ambiental e humana. A conservação da biodiversidade na Educação Básica geralmente é ministrada por professores de Biologia e de Ciências Naturais. Por isso dirigimos nosso olhar neste estudo para os formandos em Ciências Biológicas de Instituições de Ensino Superior (IES) no Acre, buscando identificar suas representações sociais sobre o tema "Biodiversidade e sua conservação". A oportunidade de realizar tal estudo no Acre, em cursos de licenciatura nas instituições públicas federais (F) e privadas (P) que formam professores de Biologia, motivou o desenho do estudo. Uma comparação com licenciandos de outros cursos que tivessem interseção ou não com o tema também foi incluída no estudo, a saber: Geografia, Matemática e Letras Português. Assim, nesse contexto o objetivo geral desta tese foi analisar a abordagem do conceito de biodiversidade nos cursos de licenciatura do Acre e as representações sociais sobre "Biodiversidade e sua conservação" desses futuros professores Consultando os projetos pedagógicos dos cursos (PPC) com relação às disciplinas, cujas ementas englobassem o tema conservação da biodiversidade, observamos que na IES F1 constam quatro disciplinas, todas obrigatórias e na IES F2 sete disciplinas, sendo apenas duas obrigatórias e cinco optativas. Na IES P1 são ofertadas 13 disciplinas, todas obrigatórias, e na IES P2 são 3 disciplinas obrigatórias e 1 optativa. Vale ressaltar que nem todas as disciplinas optativas são oferecidas durante o período de graduação de uma turma, podendo ser oferecida conforme a disponibilidade de professor da área. Ao todo foram entrevistados 135 formandos, sendo 82 dos cursos de Ciências Biológicas, de duas instituições federais e duas particulares, 27 do curso de Geografia, 23 de Matemática e 13 de Letras Português. Com relação ao perfil sócio-cultural dos entrevistados em sua maioria foram mulheres com idade média de 28 anos, exceto para o curso de Geografia. Quanto à origem a ampla maioria disse ser da região Amazônica, provenientes da capital e residirem em zona urbana. Quanto à participação em movimentos de proteção à natureza a maioria (67%) declarou não ter participado Dentre os formandos de Ciências Biológicas, generalizando o padrão de respostas, não houve diferença perceptível nas representações sociais dos entrevistados, por instituição, conforme ficou demonstrado no teste do Qui-quadrado, ou seja, o conceito de que biodiversidade significa riqueza de espécie foi citado pela maioria deles em todas as IES, seguidos dos que associaram riqueza de espécies com riqueza de ecossistemas, para conceituar biodiversidade, não citando um dos três tipos de biodiversidade que é a diversidade genética. Assim sendo, concluímos que os formandos participantes da pesquisa conhecem e entendem alguns dos aspectos básicos da biodiversidade. No entanto, sua representação social do conceito relacionado à biodiversidade é superficial e limitado em alguns aspectos, e não diferem muito em relação ao tipo de curso que fizeram.