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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34577
CARACTERIZAÇÃO DE α-GLICOSIDASES DE LUTZOMYIA LONGIPALPIS: ATIVIDADES ENZIMÁTICAS, EXPRESSÃO GÊNICA E MODULAÇÃO POR LEISHMANIA MEXICANA
Latgé, Samara Graciane da Costa | Date Issued:
2018
Advisor
Comittee Member
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Oswaldo Cruz. Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Lutzomyia longipalpis é o vetor de Leishmania infantum, um dos agentes causadores da leishmaniose visceral. Os flebotomíneos adultos possuem uma dieta rica em açúcares, essencial para atender às demandas energéticas necessárias ao desenvolvimento; as fêmeas, além de açúcares, também se alimentam de sangue. As α-glicosidases e α-amilases estão envolvidas na digestão de carboidratos adquiridos na dieta, e são classificadas nas famílias 13 e 31 das glicosídeo hidrolases. Para determinação da atividade de α-glicosidase utilizando o substrato MUαGlu padronizamos uma técnica de ensaio contínuo para realização de ensaios em amostras teciduais individuais. Quantificamos a atividade de α-glicosidase em diferentes tecidos, ressaltando a atividade presente no divertículo e no intestino médio de L. longipalpis, sendo essa enzima mais ativa sobre sacarose que sobre o substrato MUαGlu. Atividades basais foram observadas em insetos não alimentados; a alimentação sanguínea induz a atividade no conteúdo do intestino médio e a alimentação açucarada modula a atividade nos tecidos do intestino médio. A exposição a diferentes concentrações ou moléculas de açúcares também alterou a atividade. As α-glicosidases de diferentes tecidos apresentaram diferentes propriedades bioquímicas, como pH ótimo entre 7,0 - 8,0, KM entre 0,37 - 4,7 mM (MUαGlu como substrato), pH ótimo de 6,0 e KM entre 11 - 800 mM (sacarose como substrato) Enzimas do divertículo e do tecido do intestino médio apresentaram inibição em altas concentrações de substrato (sacarose), o que explica os altos valores de KM encontrados. No genoma de L. longipalpis foram encontradas nas famílias GH13 e GH31 proteínas envolvidas no metabolismo de açúcar, transporte de aminoácidos, armazenamento e mobilização das reservas de glicogênio e regulação da miogênese. Descrevemos também uma α-glicosidase neutra (controle de N-glicosilação) e uma α-glicosidase lisossomal inativa (sem resíduos catalícos). A estrutura e as funções dessas proteínas identificadas são conservadas. Uma análise comparativa demonstrou retração no número de genes de maltases e expansão das α-amilases, com organização em dois grandes clusters. Maltases são mais expressas no intestino médio de fêmeas alimentadas com sangue, e a infecção por L. mexicana modulou negativamente a sua expressão gênica. Em fêmeas alimentadas com sangue (sem sacarose), as taxas de infecção por L. mexicana e migração para a região da cárdia não foram afetadas, sugerindo que a migração não é inteiramente baseada nos estímulos de quimiotaxia pelas moléculas de açúcar. Contudo, a ausência de açúcar na dieta do inseto resultou no desenvolvimento de L. mexicana no intestino posterior. Todos esses resultados sugerem que as α-amilases evoluíram para assumir diferentes funções além da hidrólise de açúcares primários e que as α-glicosidases também estão envolvidas em diferentes processos metabólicos, como digestão de açúcares vegetais, digestão de glicoproteínas ou glicolipídios sanguíneos e mobilização de estoques energéticos.
Abstract
Lutzomyia longipalpis is the vector of the parasite Leishmania infantum, the causing agent of visceral leishmaniasis. Adult sand flies have a diet rich in sugars, essential to meet the energy demands for their development and females, besides of sugar, also feed on blood. α-glicosidases and α-amilases are involved in the digestion of dietary carbohydrates and are classified in families 13 and 31 of glycoside hydrolases. For determination of α-glucosidase activity using MUαGlu as substrate, we standardized a continuous assay technique for performing assays on individual tissue samples. α-glucosidase activity was quantified in different tissues. We described the activity present in the crop and midgut of L. longipalpis, being more active against sucrose than MUαGlu. Basal activities were observed in non-fed insects; blood feeding induced activity in the midgut contents, and sugar feeding modulated activity in the midgut tissues. Exposure to different sugar concentrations or moieties also changed α-glucosidase activity. α-glucosidases from different tissues showed different biochemical properties, with an optimum pH around 7.0 - 8.0, KM between 0.37 - 4.7 mM (MUαGlu as substrate), optimum pH around 6.0, and KM between 11 - 800 mM (sucrose as substrate). Enzymes from crop and midgut tissues showed inhibition in high substrate concentrations (sucrose), which explains the high KM values found In the L. longipalpis genome we identified proteins in the GH13 and GH31 families that are involved in sugar metabolism, amino acid transport, storage and mobilization of glycogen reserves, and myogenesis regulation. We also described a neutral α-glycosidase (control of N-glycosylation) and an inactive lysosomal α-glycosidase (no catalytic residues). Structure and functions of identified proteins are conserved. A comparative analysis showed a retraction in the number of maltases genes and expansion of α-amylases, with organization in two large clusters. This expansion is probably related to the specialization of these proteins to hydrolyze different substrates. α-amylases have different expression patterns depending on feeding condition and tissue analyzed. Maltases are higher expressed in midgut tissues of blood-fed females, and their gene expression was negatively modulated with L. mexicana infection. In blood-fed females (no sugar), the infections rates by L. mexicana and migration to cardia region were not affected, suggesting that migration is not entirely based on the chemotaxis stimuli by sugar molecules. However, sugar deprivation resulted in the development of L. mexicana in the sand fly hindgut. All these results suggest that α-amylases evolved to assume different functions other than hydrolysis of primary sugars and that α-glucosidases are also involved in different metabolic processes, like digestion of plant sugars, digestion of blood glycoproteins or glycolipids, and mobilization of energetic storages during starvation.
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