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https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3541
O MÉDICO FALA, A MÄE APENAS OUVE, QUEM CALA, CONSENTE?
Vianna, Marcos Besserman | Date Issued:
1992
Author
Advisor
Co-advisor
Affilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Fernandes Figueira. Departamento de Ensino. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança. Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Abstract in Portuguese
Início este trabalho contando como foi para mim a descoberta de um novo caminho de investigaçäo científica, os métodos de pesquisa em ciências sociais, e como fui construindo o meu objeto de estudo. No primeiro capítulo descrevo as concepçoes de saúde/doença e os critérios de percepçäo da doença que médicos e pacientes relataram nas entrevistas realizadas no ambulatório de pediatria do IFF/FIOCRUZ, demonstrando que, apesar de possuirem conhecimentos muito diferentes em relaçäo as doenças, existem algumas semelhanças entre as concepçoes de doença de médicos e pacientes, assim como na forma de percebe-la, e que é através dos pontos de identificaçäo que médicos e pacientes se relacionam, evitando que as diferenças possam se transformar em focos de conflito nessa relaçäo. E o "encontro das concepçoes". O capítulo seguinte é dedicado a uma abordagem etnográfica da consulta no ambulatório de pediatria do IFF/FIOCRUZ, desde a descriçäo espacial até a da consulta propriamente dita. Em seguida procuro descrever, conforme observado no trabalho de campo, como as expectativas, tanto dos pacientes como as dos médicos, näo se realizam durante a consulta, e que apesar disso, ambos se däo por satisfeitos. Denominei esse capítulo de "o desencontro das expectativas". Em seguida defino a consulta médica no IFF como um ritual, já que o ritual é um dos meios mais importantes para a transmissäo e a reproduçäo de valores, e é fortemente associado a noçäo de poder. A partir do relato dos diferentes significados que säo dados aos fatos acontecidos nas consultas, pretendi entender a nossa sociedade como própria, como diferenciada de outras. Portanto, descrevendo como se deu esse ritual que é a consulta médica, dentro do Instituto Fernandes Figueira, mostro que a relaçäo médico-paciente durante a consulta, que dá forma ao ritual, se estabelece em nossa sociedade vinculada as condiçoes ambinguas em que säo criadas, a partir da confusäo de ideais igualitários e individualistas, com práticas hierárquicas e holísticas. Nessa nossa sociedade hierarquizada há uma forma própria de se manejar o conflito, e um símbolo de desordem. Por fim, teço consideraçoes a respeito das respostas que consegui aos meus questionamentos iniciais assim como das novas dúvidas que surgiram, e, finalmente sobre como, após a realizaçäo desse trabalho, a minha prática profissional foi influenciada.
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