Please use this identifier to cite or link to this item:
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/36072
Type
ThesisCopyright
Open access
Sustainable Development Goals
05 Igualdade de gêneroCollections
Metadata
Show full item record
IDENTIDADE CIRÚRGICA: O MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA INTERSEXO PORTADORA DE GENITÁLIA AMBÍGUA. UMA PERSPECTIVA BIOÉTICA
Intersexo
Intersexualidade
Anomalias da Diferenciação Sexual
Hermafroditismos
Ética
Bioética
Recém-Nascido
Anormalidades Urogenitais
Transtornos da Diferenciação Sexual
Cirurgias Genitais
Infância
Mutilação Genital
Intersex
Intersexuality
Disorders of Sex Development
Hermaphroditism
Ethics
Bioethics
Newborn
Urogenital Abnormalities
Disorders of Sex Differentiation
Genital Surgeries
Infancy
Genital Mutilation
Intersexo
Intersexualidade
Anomalias da Diferenciação Sexual
Hermafroditismo
Bioética
Recém-Nascido
Anormalidades Urogenitais
Transtornos da Diferenciação Sexual
Cirurgias Genitais
Infância
Mutilação Genital
Guimarães Junior, Anibal Ribeiro | Date Issued:
2014
Alternative title
Surgical identity: the best interest of the intersex child with ambiguous genitalia. A bioethical perspectiveAffilliation
Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Abstract in Portuguese
Sob a perspectiva da bioética da proteção esta tese tem como objetivo investigar se as
cirurgias genitais realizadas em crianças recém-nascidas diagnosticadas como intersexo,
portadoras da chamada “genitália ambígua” – uma das “anomalias da diferenciação sexual”
(ADS) -, atendem, de fato, a seu melhor interesse. De acordo com a crença médica, é
necessário normalizar e ajustar a anatomia do neonato ao padrão morfológico condizente
com o sexo que for “descoberto” pela equipe multidisciplinar, na medida em que é a sua
atipicidade anatômica o que dificultaria a pronta afirmação de seu sexo. Em geral, a equipe
médica recomenda a imediata realização desses procedimentos por acreditar que o bemestar psicossexual da criança não será alcançado se houver incongruência entre o fenótipo
de sua genitália e a identidade de gênero correspondente que, espera-se, desenvolverá.
Dada a incapacidade cognitiva do neonato, cabe a seus responsáveis consentirem pela
realização dessas cirurgias irreversíveis. O caso John/Joan, conduzido pelo psicólogo John
Money desde 1967, é aqui examinado. Sua utilização para testar a teoria da “plasticidade de
gênero” que Money e equipe vinham desenvolvendo desde a década de 1950, acabou por
transformá-la no paradigma para os casos de mutilação genital e anomalias congênitas em
crianças em boa parte do planeta. Contudo, nos Estados Unidos da América, a partir da
segunda metade da década de 1990, pessoas adultas que haviam sido submetidas a essas
mesmas intervenções em sua infância e adolescência começaram a relatar seu sofrimento
psicossexual, o qual, supostamente, seria atribuído às tais cirurgias genitais nelas realizadas.
Embora controversa a própria conceituação do que são as ADS e, no tocante à genitália
ambígua, inexista consenso entre pesquisadores e entidades médicas quanto aos benefícios
que justificariam a realização de intervenções para ajustar sua anatomia, algumas entidades
médicas continuam a preconizá-las. Diferentes estudiosos alegam que os estudos
apresentados para justificar a sua recomendação são questionáveis quanto à metodologia e
análise dos resultados. No Brasil, a Resolução nº 1664 (R1664) de 2003, emitida pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) – órgão supervisor da ética profissional e, ao mesmo
tempo, julgador e disciplinador da classe médica - considera que a genitália ambígua em
crianças diagnosticadas como intersexo constitui uma “urgência biológica e social” e
recomenda “uma conduta de investigação precoce com vistas a uma definição adequada do
gênero e tratamento em tempo hábil”. Nesta tese, a R1664 representa o seu principal
objeto de estudo. O processo de elaboração e edição de tal documento é minuciosamente
investigado, na medida em que o mesmo reitera a posição pró-intervenção do CFM, não
obstante Recomendação do (PróVida), órgão do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT). A Recomendação, com base nos processos que foram instaurados
no Pró-Vida por pais de crianças intersexo que se insurgem contra a alegada beneficência
das cirurgias genitais, questiona a sua recomendação e realização, e coloca em xeque a
justificativa de que as mesmas atenderiam ao melhor interesse da criança. O referido
documento reúne, de maneira bastante clara e objetiva, as principais questões trazidas ao
debate nas duas últimas décadas pela comunidade científica internacional e, também, o
movimento de pessoas intersexo. Desde então, a comunidade médico-científica nacional
permanece silente quanto às controvérsias que, no âmbito científico, cercam a
recomendação das cirurgias genitais. Não foram localizados trabalhos acadêmicos que, no
Brasil, questionem a legitimidade da R1664, da forma como se propõe esta tese. Examinase a R1664 à luz da bioética principialista - sobretudo quanto à beneficência, nãomaleficência e autonomia dos afetados. A perspectiva adotada nesta tese é que, à luz da
bioética laica, não são justificáveis as intervenções médico-cirúrgicas irreversíveis em
genitálias ambíguas de crianças diagnosticadas como intersexo quando não houver risco de
graves danos à sua saúde ou risco de vida.
Abstract
Based upon the bioethics approach, this thesis aims to investigate whether or not genital
surgeries on newborn children diagnosed as "intersex", due to their "ambiguous genitalia" -
one of the "disorders of sexual development" (DSD) - will undeniably be to their "best
interest". In accordance with medical belief, it is necessary to normalize and adjust the
newborn's anatomy, in order to conform with the morphological standard of one "sex"
only; that is, that of a male or a female. Generally, according to the multi-professional team
in charge, every intersex newborn has a "hidden" sex in his/her body, which, though not
obvious, must be "found". In most cases of ambiguous genitalia, the newborn immediately
undergoes genital surgery, due to a belief that no psychosexual well-being will be
experienced by that child as long as there is some incongruence between his/her genitalia
and the gender identity he/she will come to develop. Moreover, the therapeutics prescribed
by the multi-professional team must be conducted upon consent of the newborn's parents,
due to his/her lack of cognitive, legal and moral capacity. The infamous John/Joan case -
presented to academics and medical professionals in the early 70's by the psychologist John
Money - is also examined here, for the relevance of Money's "theory of gender plasticity"
consecration by Medicine, in most Western countries, as the paradigm for cases dealing
with children's genital mutilation and congenital disorders. Notwithstanding, initially, in the
United States, from mid-1990's on, intersex adults started to voice their psychosexual
dissatisfaction and suffering, supposedly as the result of genital surgeries they underwent
throughout their infancy and adolescence years. There is substantial controversy among
medical and professional associations with respect to the concept and definition of DSD.
Regarding ambiguous genitalia, researchers and medical professionals have yet to come to a
consensus on whether or not genital surgeries must be performed on intersex children and,
above all, if these very surgeries are unequivocally beneficial to the children. Different
researchers claim questionable the existing methodological and data analysis used to justify
the recommendations for genital surgeries. Notwithstanding, medical associations - as it is
the case in Brazil, where its Federal Council of Medicine (CFM) disciplines and sets the
rules for the medical profession - insist on recommending genital surgeries to every
intersex child diagnosed with ambiguous genitalia, for they consider it to be of a "biological
and social urgency". In Brazil, medical procedures and recommendations to the diagnosis
of an intersex newborn are set by CFM through its Resolution 1664/2003. In this thesis,
the Resolution's scope is its main subject of study and it is, therefore, thoroughly examined.
Unlike the international medical, scientific and grassroots movements' strong discussions
on the topic of genital surgeries, the Brazilian medical community remains silent about
such controversies, and no intersex groups have been developed so far. Also in this thesis,
under the lights of bioethics, it is argued that irreversible genital surgeries performed in
intersex infants and babies diagnosed with ambiguous genitalia are not justifiable, when
there is no potential risk to health and of the threat to life.
Keywords in Portuguese
Genitália AmbíguaIntersexo
Intersexualidade
Anomalias da Diferenciação Sexual
Hermafroditismos
Ética
Bioética
Recém-Nascido
Anormalidades Urogenitais
Transtornos da Diferenciação Sexual
Cirurgias Genitais
Infância
Mutilação Genital
Keywords
Ambiguous GenitaliaIntersex
Intersexuality
Disorders of Sex Development
Hermaphroditism
Ethics
Bioethics
Newborn
Urogenital Abnormalities
Disorders of Sex Differentiation
Genital Surgeries
Infancy
Genital Mutilation
DeCS
Genitália AmbíguaIntersexo
Intersexualidade
Anomalias da Diferenciação Sexual
Hermafroditismo
Bioética
Recém-Nascido
Anormalidades Urogenitais
Transtornos da Diferenciação Sexual
Cirurgias Genitais
Infância
Mutilação Genital
Share