Pulverização aérea na gleba gama, quando a propriedade vale mais que saúde

Abstract

O resumo é parte da pesquisa sobre o conflito na Gleba Gama, município Nova Guarita–MT. Considera-se que estes conflitos estão relacionados ao projeto de desenvolvimento do estado que visa expandir a produção agropecuária. O conflito já se arrasta desde 2004, e tem gerado diversas formas violação aos direitos humanos das famílias, segundo a Comissão Pastoral da Terra entre elas a pulverização. Entender o impacto a pulverização de agrotóxicos sobre a reprodução social e a saúde das famílias atingidas, bem como a atuação das equipes que prestaram o atendimento das mesmas (ou negaram atendimento as mesmas). O artigo é parte da pesquisa desenvolvida na elaboração da dissertação, que teve como titulo “Pulverização aérea de Agrotóxicos, Acidente ou crime? Defendida ENSP/FIOCRUZ em 08/2016. Os instrumentos de pesquisa utilizados foram, analise documental (processos judiciais (vara agrária estadual e federal), do IBAMA e relatórios técnicos e da CPT); Entrevistas abertas, sendo: 02 agentes da CPT, 01 técnica do IBAMA e com 08 moradores do assentamento. Além desses, estava previsto realizar entrevista ainda com os profissionais de saúde e de segurança que prestaram os primeiros atendimentos às pessoas com sintomas de intoxicação, tanto in loco, no caso da PM, quanto hospitalar. Porém não foi possível. As famílias moradoras do PA Antonio Vieira III foram pulverizadas por agrotóxicos, sendo uma área em conflito agrário as mesmas tiveram dificuldade diversas, a primeira foi no atendimento da denuncia pela PM do município que só compareceu à área após a promotoria de justiça ser acionada, como relatado no próprio BOPM. A segunda foi no atendimento médico, onde após as medicações para controle dos efeitos agudos as mesmas foram encaminhadas para suas residências sem nenhum laudo de contaminação, sem a realização de nenhum processo de descontaminação. Ressalta também que por negligencia ou desconhecimento o médico também não fez os processos de notificações orientados para esses eventos. O processo vivenciado pelas famílias no PA Raimundo Vieira III, demonstra diversos graus de negligencia do poder publico para com as famílias, desde a indecisão de um processo judicial que transcorre a mais de 10 anos e mesmo assim permanece parado, a incapacidade de fazer cumprir as ordem prévias, como distância mínima dos “fazendeiros” em relação as famílias. Notou-se a demora no atendimento policial, e negligencia no atendimento médico.