Prevalência de Hepatite C entre indivíduos submetidos a procedimentos de hemodiálise no Brasil: revisão sistemática e meta-análise

Abstract

O controle/eliminação da hepatite C, enquanto problema de saúde pública tem recebido destaque na agenda nacional e internacional. Para fortalecer as ações de prevenção, tratamento e controle, há a recomendação internacional de que cada país sistematize informações epidemiológicas sobre a doença e os grupos sob risco ampliado para a infecção, que incluem os pacientes com histórico de hemodiálise. Conduzir uma revisão sistemática e mata-análise dos estudos que estimaram a prevalência da infecção pelo vírus da hepatite C (VHC) entre pacientes atendidos em clínicas de diálise nas Grandes Regiões brasileiras, antes e após o ano 2000. Foi conduzida uma busca eletrônica em quatro bases de dados (PubMed, SCOPUS, Web of Science e LILACS) dos trabalhos publicados até 31 de dezembro de 2016. Em seguida, foram avaliados títulos, resumos e publicações originais, para a seleção dos trabalhos (segundo critérios de elegibilidade), com posterior extração de dados para um formulário padronizado. Os achados foram visualizados sob a forma de “forest plots” e foram realizadas análises de subgrupo para investigar fatores potencialmente associados à heterogeneidade entre os estudos, além de meta-análises para calcular as estimativas resumo das prevalências de hepatite C e seus intervalos de confiança (IC) de 95%. Dos 165 estudos obtidos a partir das buscas, 35 foram selecionados, totalizando 20.494 pacientes. A prevalência de infecção pelo VHC entre pacientes em hemodiálise atendidos em clínicas brasileiras variou de 5 a 70% (I²=98%). Ao fazer a análise de subgrupos, as maiores estimativas foram observadas para os estudos finalizados antes do ano 2000, tanto no Grupo 1, composto por clínicas das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (41%; IC95%:39-43%), quanto no Grupo 2, composto por clínicas das regiões Sul e Sudeste (35%; IC95%: 33-36%). Prevalências menores foram observadas para ambos os grupos a partir do ano 2000: 11% (IC95%: 10-12%) e 14% (IC95%: 13-15%), respectivamente. As estimativas mais recentes sugerem melhora nas práticas de prevenção da transmissão do VHC, com manejo mais apropriado de maquinário/fluidos nas clínicas de hemodiálise ao longo dos anos. Entretanto, mostram-se superiores às relativas à população brasileira.