Mulheres são criminosas ou teleguiadas?: representações sobre gênero e crime em uma mídia escrita brasileira

Abstract

Entre os anos de 2005 a 2012 houve um crescimento do número total de presos no Brasil. Neste quadro, o que chamou atenção foi o aumento do número de mulheres na população prisional. Em 2005 eram 12.925 prisioneiras e em 2012 eram 31.824 prisioneiras, mais que o dobro. Este estudo buscou compreender como as mulheres envolvidas em atos de violência e crimes eram representadas em um jornal brasileiro. Trata-se de um estudo qualitativo focalizando 70 matérias selecionadas no acervo do jornal entre os anos de 2005 e 2012. As leituras das matérias nos trouxe poucas informações sobre as histórias de vida dessas mulheres, quem ela é. Nas matérias sobre “Formação de quadrilha” a mulher aparece, prioritariamente, como secundária, e levada ao crime por causa de seu parceiro amoroso. Em homicídio é ressaltada a sua prática em vítimas consideradas como mais frágeis, como crianças. Nesses crimes de infanticídio, as mulheres eram destacadas nos títulos das matérias por seu vínculo com a vítima, ou seja, mãe. Podemos observar através das matérias analisadas que as mulheres criminosas são pouco retratadas nas matérias e reproduzido os papéis de gênero: ela é levada ao crime por um homem e suas vítimas, a maioria, pertencentes ao âmbito privado e mais frágeis fisicamente. Destacamos a importância da mídia escrita na representação social da noção de mulheres criminosas.