Estimativa de casos de TBDR subnotificados no Estado do Rio de Janeiro, 2011 a 2015

Abstract

A subnotificação de casos de Tuberculose representa um grande problema para a vigilância da doença, agravado quando se trata de TB resistente. Os estudos de vigilância têm apontado estratégias e ferramentas para melhorar a qualidade dos registros sobre as doenças. O relacionamento de bases de dados é destacado por alguns autores como importante ferramenta para identificar lacunas de informações. Este trabalho teve como objetivo estimar a subnotificação dos casos de Tuberculose Drogarresistente (TBDR), medir a proporção destes entre os diagnosticados e descrever estes casos. Estudo epidemiológico observacional, de coorte retrospectiva, realizado através da análise das bases de dados do Sistema de Informação de Tratamentos Especiais da Tuberculose (SITETB) e do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). O relacionamento entre as bases de dados foi realizado por meio de metodologia determinística, visando a encontrar registros pertencentes ao mesmo indivíduo em ambos sistemas. O caso foi considerado como subnotificado quando apresentou qualquer resultado com resistência à medicamentos e não teve registro pareado no SITETB. A descrição dos casos foi realizada através das variáveis disponíveis no GAL. A técnica de relacionamento de bancos de dados permitiu a elaboração de um único banco. Foram analisados 390 casos subnotificados. Apresentaram maior proporção no sexo masculino (65,6%) e na faixa etária de 35 a 64 anos (54,4%). Foi detectado a presença de 10 casos menores de 15 anos de idade. A respeito do perfil de resistência, 45,6% tinham monorresistência à H e foram encontrados 112 casos subnotificados de TBMR. Dentre os casos diagnosticados, 14,4% em 2011, 27,8% em 2012, 21% em 2013, 39,4% em 2014 e 25,1% em 2015 estavam subnotificados. O tema da tuberculose tem sido amplamente discutido no Brasil, entretanto pouco se sabe sobre as especificidades das formas resistentes no país. Subnotificação de casos de TBDR no mundo é consideravelmente alta e no RJ não foi diferente. Apesar das dificuldades metodológicas, o presente estudo buscou contribuir com a vigilância da doença a fim de proporcionar um melhor controle da tuberculose resistente aos medicamentos.