Sexualidade e aids entre adolescentes: produção compartilhada de um jogo de imagens

Abstract

Nos últimos oito anos pesquisamos sobre Comunicação e Aids investigando os aspectos da produção e da apropriação de peças comunicacionais produzidas por entidades do governo e da sociedade civil. Como parte dessa pesquisa desenvolvemos um jogo de imagens sobre sexualidade e Aids junto a adolescentes do Ensino Médio da Rede Estadual de uma escola do Município do Rio de Janeiro. Pretendemos neste trabalho descrever o processo de elaboração do jogo de imagens sobre sexualidade e Aids. O estudo foi desenvolvido no período de 2014 a 2016, com 104 alunos das turmas do 1° e 2° anos de uma escola do Ensino Médio de Formação de Professores para séries iniciais. A perspectiva socioantropológica orientou as etapas: leitura do projeto político-pedagógico; observação direta das atividades escolares; oficinas com os alunos para a discussão sobre adolescência, sexualidade e Aids. A análise dessas atividades resultou no mapeamento dos sentidos sobre sexualidade e Aids que circulam no contexto escolar e subsidiou na definição dos temas das imagens das cartas. A busca das imagens foi feita no Google e editadas no Photoshop CS 6. O jogo é composto de 30 cartas com cenas que articulam os aspectos biológicos, sociais e subjetivos relacionados à sexualidade e Aids. No cotidiano escolar identificamos que as perspectivas dos estudos de gênero e biomédica ancoram as representações sobre o sexo e sexualidade (diferenças anatômicas, reprodução humana, orientação sexual, papeis sociais do homem e da mulher, amor, desejo, confiança no parceiro, família, gravidez). A Aids é vinculada a sexualidade por meio do uso do preservativo masculino e feminino no ato sexual. Em relação a jogabilidade os adolescentes defiram por um jogo de cooperação com o propósito de construir, coletivamente, uma história acerca do tema sorteado. Conclusões/ConsideraçõesO processo de elaboração compartilhado do jogo possibilitou a circularidade de informações, a reflexão sobre os preconceitos, crenças e do conhecimento acerca da sexualidade/Aids. O protagonismo dos adolescentes aliado ao reconhecimento das subjetividades em jogo foram centrais na interação e no diálogo sobre a prevenção do HIV/Aids, junto a esse grupo.