Saberes e práticas a partir da análise de um material educativo sobre ambiente, território e saúde no Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

A Colônia Juliano Moreira, região histórica com vocação agrícola e hospitalar do RJ, tem sofrido transformações e enfrentado desafios na promoção de uma ocupação sustentável e da saúde da população. Neste território iniciativas da Fiocruz (CFMA) valorizam parcerias com moradores e lideranças locais. Dentre elas, o desenvolvimento de um material educativo sobre Saúde, Moradia, Plantio, Lixo. Refletir sobre os sentidos e saberes implicados em práticas de saúde e seus desafios a partir da análise dos usos do material educativo ‘Caderno Práticas e Soluções’ pelo seu público, moradores e líderes de um território específico em Jacarepaguá/RJ. O estudo apoia-se em referenciais teóricos sobre território, promoção da saúde e pesquisa qualitativa em saúde (Santos, 2014; Czeresnia, 2009; Victora; Knauth & Hassen, 2000). Foi realizado: (1) levantamento de documentos internos do CFMA, imagens do território e bibliografia sobre a Baixada Jacarepaguá; (2) observação participante para o delineamento dos perfis dos sujeitos da pesquisa e sua caracterização; (3) entrevistas semi-estruturadas visando a análise do tema a partir do ponto de vista dos sujeitos da ação (Bourdieu, 2012). O grupo da pesquisa correspondeu a cinco representantes dos grupos sociais que participaram do desenvolvimento do material sendo 3 moradores e 2 lideranças. Os dados reunidos possibilitaram descrever a experiência/percepções e os saberes nos usos do material pelos sujeitos sobre: (1) o território (2) o Caderno e suas práticas. Além de permitir descrever as características locais, apontaram junto aos entrevistados o envolvimento com o território, histórias e lutas pela posse da terra, permanência no lugar e um modo de vida mais saudável e sustentável. A prática da horta foi apontada como um diferencial, muitos relataram interesse e benefícios tanto no desenvolvimento quanto como fonte de renda. Entretanto, desafios como a falta de água, de saneamento, de tempo resultaram em limites à prática a partir de uma perspectiva crítica adotada no estudo. A experiência de produção coletiva foi exitosa, mas é preciso compreender os limites de práticas em contextos urbanos onde os sujeitos embora emancipados, engajados politicamente e expostos, se veem vulneráveis e incapazes de intervir em algumas realidades. Para efetiva melhoria da qualidade de vida, existem desafios a serem superados não pelos sujeitos, mas pelo Estado com ações intersetoriais e políticas públicas que diminuam as desigualdades.