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03 Saúde e Bem-EstarCollections
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ROBERT WHITAKER: 2º SEMINÁRIO INTERNACIONAL - A EPIDEMIA DAS DROGAS PSIQUIÁTRICAS
Drogas Psiquiátricas
Transtorno mental
Indústria Farmacêutica
Psicofármacos
https://youtu.be/RoL6pHO_xoo
Fundação Oswaldo Cruz | Date Issued:
2018
Producer
Abstract in Portuguese
O foco na medicalização e na abordagem biomédica, em detrimento da valorização dos aspectos psicossociais no tratamento de pessoas com transtornos mentais, faz mal à saúde. O tema esteve em debate no 2º Seminário Internacional A epidemia das drogas psiquiátricas, iniciativa do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps/Ensp/Fiocruz), tendo à frente os pesquisadores Paulo Amarante e Fernando Freitas, em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes) e o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz). O evento reuniu especialistas e estudantes no auditório térreo da Ensp, de 29 a 31 de outubro de 2018. A mesa de abertura contou com a presença, além de Paulo Amarante, da presidente da Abrasme, Ana Maria Pitta, do presidente do CFP, Rogério Giannini, e do diretor da Ensp/Fiocruz, Hermano Castro. As primeiras palestras ficaram a cargo do jornalista americano Robert Whitaker, premiado por seus artigos na área médica, e o psiquiatra e professor John Read, da Universidade de East London, na Inglaterra.Em sua exposição, Robert Whitaker voltou ano de 1980 para fazer um resgate de como chegamos ao sistema psiquiátrico que temos hoje. Ele explicou que até então, a sociedade americana atribuía os problemas de ordem psicológica a questões do cotidiano, sendo somente algumas doenças mais graves diagnosticadas como “doenças do cérebro”. “A esquizofrenia, por exemplo, era vista como uma reação ao mundo e não era tratada com drogas como hoje”, relatou. “Mas a Associação Psiquiátrica Americana reconceituou a forma de encarar os problemas psiquiátricos e fez uma campanha para mudar o pensamento da sociedade”, disse. Essa mudança, de acordo com Robert consistiu em fazer com que todos os problemas resultantes de questões do dia a dia fossem transformados pela indústria farmacêutica em doenças. “Assim, passou a ser possível aprovar drogas para tratá-las e aumentar o mercado de medicamentos”, analisou o jornalista, acrescentando que “essa ideia passou a ser um produto americano e foi exportado para o mundo”. De acordo com Robert, vencedor, em 2010, do Investigative Reporters and Editors Book Award, pelo livro Anatomia de uma epidemia: Pílulas mágicas, drogas psiquiátricas e o aumento assombroso da doença mental (Editora Fiocruz), as empresas farmacêuticas passaram a pagar à Associação Americana de Psiquiatria para sustentar essa visão e a médicos e psiquiatras para levá-la às universidades, não só nos Estados Unidos, mas em nível internacional, disseminando o novo conceito. “Começamos a ouvir que pesquisadores descobriram a causa da depressão em oscilações químicas do cérebro, e que a esquizofrenia e outros distúrbios deviam-se ao nível de dopamina cerebral, apresentando medicamentos que poderiam curar essa patologia. Os artigos científicos, no entanto, não comprovavam isso. Criamos um sistema de crenças em torno de uma história falsa. Há estudos de longo prazo que mostram que mostram o contrário, mas isso fica mantido longe do público”, afirmou. "A incidência de doenças mentais aumentou consideravelmente desde 1987. Todos os países que adotaram o uso amplo de drogas antidepressivas tiveram um ônus. Somos seres humanos que respondemos ao nosso ambiente. Não somos uma ilha"Esses medicamentos, alertou Robert, foram vendidos como fármacos que não tinham efeitos colaterais, possibilitando sua prescrição para crianças. “Em 1987, gastamos 800 milhões de dólares em drogas psiquiátricas, ano em que o Prozac [medicamento antidepressivo] foi lançado no mercado”, observou, destacando que, 20 anos depois, o mercado cresceu 54 vezes, arrecadando 40 bilhões de dólares. “Hoje um em cada cinco americanos toma remédio”. Robert apontou que essa visão propagada a partir de 1980 entrou em colapso, havendo inclusive psiquiatras negando que a tenham defendido. “A incidência de doenças mentais aumentou consideravelmente desde 1987. Todos os países que adotaram o uso amplo de drogas antidepressivas tiveram um ônus”. Robert chamou atenção para o fato de que todos nós temos a capacidade de enlouquecer ou de funcionar muito bem. “Somos seres humanos que respondemos ao nosso ambiente. Não somos uma ilha”. O psiquiatra e professor John Read falou sobre estigma e preconceito, ao destacar os aspectos negativos do modelo biomédico no cuidado dos pacientes psiquiátricos, em especial, aqueles diagnosticados com esquizofrenia, com os quais trabalha. “O modelo biomédico varre para debaixo do tapete questões como abuso, estresse, violência”, resumiu, apontando um estudo que que 47% dos pacientes mentais já sofreram abuso ou algum outro tipo de assédio. “O estigma e o preconceito ampliam a visão negativa que essas pessoas já têm delas próprias”.
Keywords in Portuguese
Propaganda de MedicamentosDrogas Psiquiátricas
Transtorno mental
Indústria Farmacêutica
Psicofármacos
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