Problemas de saúde, vulnerabilidades socioambientais e estratégias de resposta e adaptação, relacionados à seca no semiárido brasileiro: um estudo de caso em Castelo do Piauí

Abstract

A seca afeta diversos países no mundo. No Brasil, esse fenômeno torna-se uma ameaça de desastre para populações em situação de vulnerabilidade socioambiental que residem na região semiárida, contribuindo para a deterioração de suas condições de vida e saúde. Diante disso, este estudo visa identificar percepções locais sobre problemas de saúde, vulnerabilidades socioambientais e estratégias de resposta e adaptação relacionados à seca em Castelo do Piauí/PI, levando em consideração aspectos do contexto histórico, socioeconômico, ambiental e de saúde do município. Por meio de um estudo qualitativo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, complementadas por observações de campo e dados secundários. O material obtido foi analisado por meio da Análise do Discurso. De acordo com percepções locais, a última seca ocorrida no município já dura aproximadamente sete anos, e vem ocasionando problemas psicossociais, fome, insegurança alimentar e nutricional, doenças relacionadas à quantidade e à qualidade da água disponível para consumo humano, problemas no sistema circulatório e no trato respiratório. No entanto, os efeitos dessa seca na saúde humana foram considerados menos intensos em comparação com as secas anteriores devido, em grande medida, à ampliação dos programas Um Milhão de Cisternas (P1MC), Bolsa Família, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), e à Aposentadoria. Contudo, vulnerabilidades socioambientais identificadas, por exemplo, no acesso à água potável, na oferta e na infraestrutura de serviços de saúde e saneamento, na evasão escolar, na oferta de empregos, e no uso de recursos naturais, como água e solo, dificultam a capacidade local de lidar com as secas, sobretudo para pequenos produtores rurais, idosos e crianças que residem na zona rural do município.