A necessidade de desconstrução à violência de gênero desde a infância

Abstract

Introdução: O Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) é uma das ações do Programa Saúde na Escola (PSE), tendo como proposta realizar ações de promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva de adolescentes e jovens, articulando os setores de saúde e de educação e contribuindo para a redução da infecção pelo HIV/DST e dos índices de evasão escolar causada pela gravidez na adolescência, uso de drogas e demais comportamentos de risco. Objetivos: Em Cachoeiro de Itapemirim - ES, com o objetivo de levar os adolescentes a discussão sobre gênero, foi formulada para o 7º ano (idade média de 12 anos) uma oficina sobre “Construção de Gênero”, que propunha questionar os fatores que influenciam a construção, desde a infância, do que entendemos ser o papel do homem e da mulher na sociedade. Metodologia: Para isso, foram trazidos exemplos de situações que, desde a infância, constroem diferenças entre os gêneros, como a construção cultural das cores “rosa para menina” e “azul para menino”, os “brinquedos de menina” e “brinquedos de menino”, sobre os estereótipos nas histórias do “homem macho salvador” e a “mulher delicada e salva”. Isso foi o estopim para que os adolescentes debatessem até onde tais construções e estereótipos influenciam a formação do gênero. Após essa discussão, os adolescentes trouxeram o que consideravam o homem ideal na visão dos homens e o homem ideal na visão das mulheres, assim como a mulher ideal na visão dos homens e mulher ideal na visão das mulheres. Discussão dos Resultados: Dentro do proposto, as temáticas mais frequentes dizem respeito a subjugação da mulher ao homem, a passividade necessária para que a mesma seja bem vista e a influência da vestimenta desta na ocorrência de uma situação de violência sexual. Tanto meninos quanto meninas trouxeram a afirmativa de que a roupa justificaria ou explicaria uma situação de violência sexual, o que mostra como este preconceito em relação às roupas das vítimas de violência se encontra arrigado à construção social destes sujeitos já aos 12 anos. Conclusão: Tais afirmações demonstram o quanto este assunto precisa ser amplamente discutido no município, não apenas na adolescência, mas também antes dela, a fim de tais discussões promovam maior conscientização no que tange a questões de gênero e violência, ampliando o direito a liberdades pessoais, à construção de gênero livre de estereótipos e minimizando os casos de assédio sexual e demais violências de gênero.