RADIS: Comunicação e Saúde, número 210, março

Abstract

As últimas duas décadas testemunharam grandes transformações na saúde pública global, refletindo-se no cotidiano das pessoas e na economia mundial. Enquanto algumas doenças foram erradicadas e outras tiveram redução em sua incidência, como a poliomielite, outras voltaram a surgir, como o sarampo, além do surgimento de novas ameaças, como o vírus Ebola e a síndrome respiratória aguda grave (SARS). Essas emergências em saúde pública estão intimamente ligadas ao modelo de desenvolvimento econômico predominante, marcado pelo processo de urbanização, degradação ambiental e aumento do fluxo global de pessoas e mercadorias. Nos últimos anos, o mundo enfrentou seis emergências de saúde pública de importância internacional, todas resultando em um grande número de mortes. Nesse contexto, é crucial mobilizar esforços internacionais para fortalecer as redes de assistência, especialmente nos países mais vulneráveis, tanto pela pobreza quanto pela degradação ambiental. Isso inclui o fortalecimento dos sistemas de saúde para prevenir, controlar e conter doenças, garantindo o acompanhamento contínuo e a transparência nos resultados. É fundamental que o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros sistemas de saúde estejam preparados para responder a essas emergências, não apenas com práticas estabelecidas, mas também buscando novos conhecimentos. A comunicação eficaz com a população sobre medidas preventivas, como a vacinação e a lavagem das mãos, é essencial para conter a propagação de doenças. Além disso, a vulnerabilidade social, econômica e ambiental aumenta o risco de impacto na saúde humana, tornando a prevenção ainda mais importante. A coordenação entre as esferas de gestão e serviços do SUS é essencial para uma resposta eficaz, especialmente em tempos de desqualificação dos serviços públicos. Por fim, a prevenção do câncer também é destacada como uma prioridade, com medidas como a mudança de estilo de vida e a detecção precoce sendo enfatizadas como formas eficazes de reduzir os riscos associados à doença. A atenção básica desempenha um papel fundamental como porta de entrada eficiente para o diagnóstico e tratamento adequados.